fria e vazia
do pão escuro e ázimo
sem luz nem calor
a casa que ficou para trás
a casa do largo
junto ao fontenário
cheia de janelas e sol
as portas vermelhas
(hoje pintadas de verde)
de vizinhos e lareira acesa
de neves, de gelos,
de escola e companheiros
de Verões, cereais, laranjas
e cantigas feitas de tabuadas
a casa do nascimento
da segunda e última irmã
a cruzinha, o Douro
de férias abençoadas e longas
quentes de milho cortado
de milho nas eiras
de uvas maduras
na fronteira
no fim do mundo
lá onde não há mais caminhos
só becos sem saída
de voltar atrás
de sombras húmidas
ao cimo das escadas
a porta vermelha
o quintal o jardinzinho
a tua irmã rachou a cabeça o queixo
a bola saltou para o telhado
a irmã do meio escondeu-se no armário do sótão
"saltou" um ano na escola
os pintos pavoneiam-se no galinheiro
com os patinhos amarelos
a imensidão o aconchego da lareira
as frieiras as mezinhas o pó de Maio
o susto o médico o remédio o alívio
a espreguiçadeira o armário antigo dos pratos
o frio, os nevões autênticos, a lenha a crepitar
o jogo do ringue os joelhos esfolados
a fonte o jardim o terço rezado
no mês de Maio à tardinha
nos Carnavais andam à solta os Diabos
deixaste esta casa numa madrugada de Janeiro:
nevava, céus, como nevava!!!
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