Sunday, December 30, 2007

O escultor


O escultor
prende a pedra
entre as mãos
acaricia sonha
(des)constrói
a vida inerte
entrelaça
amor e dor
suaviza a alma
da rocha
dá-lhe voz
na palavra calma;
à sombra fria
da Catedral
o gesto
certo do cinzel
o escultor
isolado
inclinado
como quem reza
bendita a pedra…




É este o escultor: António Oliveira

Saturday, December 29, 2007

Encontro

Veio a VAREIRA
da beira do mar
Trouxe uma brisa
a cheirar a algas
a saber a abraços...


Veio a VAREIRA
a praça era o mar
Veio com ela
uma fresca energia
e eram beijos
e era a alegria
e os pequenos
grandes e doces

e os olhos verdes
e era a ternura...


Veio a VAREIRA
chegou e partiu
encheu-se a alma
de serra e mar...
encheu-se a tarde...
encheu-se a Vida...



Depois de nos termos "conhecido" no fórum do SPN em 2001/2002, enviarmos postais, termos trocado mensagens electrónicas, comentários nos respectivos blogues ( a VAREIRA anda na rede em http://vareira.blogspot.com/ em "o nosso mar"), trocámos hoje abraços... no mundo real...
e ela é incrível, os filhos são lindos , inteligentes e bem-humorados e o "olho verde" é mesmo como ela diz... ...
bela recordação para o final de 2007...

Notinha sobre a foto: é real, fui eu que tirei ( como quase todas), da minha varanda...

Friday, December 28, 2007

A Capela do Senhor da Pedra


A Capela lá continua, branca, na praia sobre o penedo…
Sonhamos as nossas crianças numa foto de Inverno , Capela do Senhor da Pedra em fundo, sorrisos lindos. São sempre lindos os sorrisos das nossas crianças na praia, de Verão e de Inverno. São sempre lindos os sorrisos das nossas crianças.
Mantêm-se na foto as crianças. Na foto. Que o tempo ai o tempo esse estranho … Agora o menino é um aspirante ( quase) Psicólogo e a menina tem já direito a nome próprio na ficha técnica na pós-produção de vídeo…
A Capela mantém-se de pé, branca, sobre o penedo e o mar, sempre o mar a seus pés…

Wednesday, December 26, 2007

Sob o signo dos Anjos...



Basta uma Princesa:

o ar faz-se luz
a mais acesa
e brilhante....
é nesse instante
que o coração sente
como dói a ausência...
na dolência
das horas
parece um sonho
que passa...
um sonho
de Natal.

autoria: tangerina

faz frio
o largo da Sé arrepia-se
esvaziou-se-me a História
o escultor nas escadas é jovem
o rei não tinha idade para este frio

... porque a TANGERINA não tem blogue...

... o gato que ia a pensar que frio que está, tenho as patitas geladas, vou procurar o cantinho do outro dia em que dormi razoavelmente quente, pode ser que apareça outra vez gatito amarelo e falamos um pouco enroscadinhos ao escuro enquanto o sono não vem. no ano passado, pelo Natal,também estava frio na cidade... O Moicano, um cão mimado, teve o luxo de dormir numa casa quentinha, com lareira e tudo. Ficará eternamente grato a quem o acolheu. Disse-mo há poucos dias, com uma certa emoção no olhar...
autoria: tangerina

Wednesday, December 19, 2007

Podia muito bem ser uma bonita CARTA de BOAS FESTAS



Escrevi um dias destes:


Adoro ler, houve tempos em que levava livros para todo o lado, até às refeições, engolia livros, o que era irritante para toda a gente...


E apareceu uma TANGERINA que comentou:


é... era realmente irritante tomar o pequeno almoço com alguém que engolia livros ao mesmo tempo que bebia o café com leite...era realmente entusiasmante receber os livros "em segunda mão", com umas areiinhas a denunciar o local onde tinham sido lidos... é realmente reconfortante que a minha memória dos primeiros livros esteja ligada a ti e dos de há uns quinze anos estejam ainda e também ligados à areia e ao prazer de estar contigo... ai lá caiu a nossa imortalidade... ai que me esqueci da imortalidade... olha, dá-me aí a imortalidade....


Se eu andasse à procura de uma CARTA de BOAS FESTAS, não encontraria nunca uma mais bonita... e vou deixá-la aqui. Pode ser que o Menino Jesus volte em vez do Pai Natal e goste de a ler!!!

Tuesday, December 18, 2007

Não Professor do Ano

Faço projectos, planos, planificações;
Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões;
Escrevo actas, relatórios e relações;
Faço inventários, requerimentos e requisições;
Escrevo actas, faço contactos e comunicações;
Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;
Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;
Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;
Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;
Participo em actividades, eventos, festividades e acções;
Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;
Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;
Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;
Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;
Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;
Redijo ordens, participações e autorizações;
Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;
E mais actas, planos, projectos e avaliações;
E reuniões e reuniões e mais reuniões!...

E depois ouço,
alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,
observadores, secretários de estado, a ministra
e, como se não bastasse, outros professores,
e a ministra!...

Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;
Assino, rubrico, sumario, sintetizo, informo;
Averiguo, estudo, consulto, concluo,
Coisas curriculares, disciplinares, departamentais,
Educativas, pedagógicas, comportamentais,
De comunidade, de grupo, de turma, individuais,
Particulares, sigilosas, públicas, gerais,
Internas, externas, locais, nacionais,
Anuais, mensais, semanais, diárias e ainda querem mais?
- Que eu dê aulas!?...

Do blogue A SINISTRA MINISTRA ( http://sinistraministra.blogspot.com/) da autoria de Pata Negra ( (http://reidosleittoes.blogspot.com/)
Com a devida vénia e autorização.

Monday, December 17, 2007

Em momento de reflexão sobre EDUCAÇÃO

"A fraude- carta de Natal escolar" - António Jacinto Pascoal

in "Público" de 16/12/2007, domingo

Primeiro plano

Na televisão
em primeiro plano
todo ufano
um menino
de fita larga
verde na cabeça
na mão
uma arma
verdadeira
a multidão
de braços no ar
aos gritos
segue o líder
o menino
de arma na mão
uma brincadeira
trágica
sorri
em primeiro plano
preparado
para morrer
ou matar...

Saturday, December 15, 2007

Disto é que a Beira Interior e o país precisam...


Disto é que a Beira Interior e o país precisam...

... destes trabalhadores, queria eu dizer!!!...

Friday, December 14, 2007

Noctívagos

Era um gato.
Passeava sorrateiro na noite de geada gelada.
Descia eu a persiana passava da meia-noite.
Os candeeiros à beira da estrada estacaram; um frio fumo ligeiro circulava em volta da luz!

Monday, December 10, 2007

O escultor

Sucedem-se as manhãs
junto à Sé
varrida pelo sol
frio
e o escultor
permanece
cada dia
nas escadas
junto ao café
a talhar
as pedras.

Saturday, December 08, 2007

Há noites...



Há noites de tal cansaço
que apenas o laço
com o céu
serena a alma...

Thursday, December 06, 2007

Sem sentido

bem quero perder de vista
a inútil ineficaz papelada
deixem-me agarrar a vida
e viver no meio da criançada...


quando acabo de preencher
um maldito malfadado papel
há sempre alguém inspirado
sem outra vida que a vida
gasta sem nenhuma vida
que inventa sempre outro
e voam cópias repetidas
exaustivas descoloridas
sem nexo nem sentido
árvores despidas rasgadas
o ambiente ah o ambiente
tão bonito falar de ambiente!!!
com normas para o vizinho
cumprir separar reciclar
enquanto outros cumprem
uma simplicidade
de montanhas de papel...

Sunday, December 02, 2007

Diz que até... não é um mau blogue...


... no entender de "A Papoila" ( o link continua ao lado... como sempre!) ( aliás eu já tinha estado para surripiar o mesmo "selo" em "Forum Cidadania, capisce??? mas a falta de tempo... sempre a mesma culpada...nem é o tempo... é a falta dele!!!!)
1. Este prémio deve ser atribuído aos blogs que considerem serem bons, e entende-se como bom os blogs que costumam visitar regularmente e onde deixa comentários.
2. Só e somente se recebeu o “Diz que até não é um mau blog”, deve escrever um post:
- Indicando a pessoa que lhe deu o prémio com um link para o respectivo blog; - A tag do prémio;- As regras; - E a indicação de outros 7 blogs para receberem o prémio.
3. Deve exibir orgulhosamente a tag do prémio no seu blog, de preferência com um link para o post em que fala dele.
4. (Opcional) Se quiser fazer publicidade ao blogger que teve a ideia de inventar este prémio, ou seja – Skynet - pode fazê-lo no post).


Toda a gente que chega e faz comentários... percebeu o esquema??? Então façam o favor de se servir... e de escrevinhar que foi daqui que levaram a menção... não custa nada assim...não é verdade???

Como é que hoje arranjei tempo??? EStá a dar um jogo na TV!!!

10 coisas sobre mim

Envia-me a Kaótica, do alto da sua sabedoria, um desafio – “10 coisas sobre mim”, que não tenham ainda sido referidos neste blogue… Ora aí está um assunto em que pensar… seriamente ou nem por isso…Como ela merece toda a consideração, vou aceitar. Quanto à “passagem do testemunho”, vai acontecer como sempre, nos últimos tempos por aqui.
Cada um pega ou larga a ideia, como mais lhe aprouver…

10 coisas sobre mim

...assim ao acaso, mas não juro que nunca “falei” disto no blogue!

1. Não gosto do tempo frio… ( ah já disse? Pronto! Então, repito!), quer dizer, do tempo frio, gosto da lareira acesa e da neve vista através da janela…mas como agora nem neva como em outros idos tempos… não gosto do frio. Ponto.
2. E, já que falei do clima, meteorologia, tempo, eu, como na canção, gosto é do Verão e, em especial das férias, o que não é nenhum facto especial…gosto do calor, da praia, das roupas frescas, do “dolce far niente”, dos dias longos…
3. A minha cor preferida é o azul… parece que este ano só gangas, que a cor deste Outono é lilás… em tonalidades diversas… e também me agrada… mas eu prefiro mesmo o azul… a minha mana do meio prefere o amarelo e os castanhos, a mais nova, o vermelho, mas eu nunca uso o vermelho. Também nunca uso verde. Não sei , não “casam” comigo… acho eu.
4. Sou pior que o Poirot, ele com as simetrias, eu com as coisas nos lugares que lhes escolho… são os meus olhos que se habituam… às coisas em certos lugares… Se começo a sentir poluição visual, meto algumas coisas em caixas e, geralmente, não as vejo a não ser casualmente…muito casualmente.
5. Adoro ler, houve tempos em que levava livros para todo o lado, até às refeições, engolia livros, o que era irritante para toda a gente, mas agora nem tenho tempo, o que me irrita a mim…
6. Filmes, perco-me por filmes. E séries, gosto muito dos policiais, como já gostava da Agatha Christie, do Alan Conan Doyle, REx Stout , etc… em tempos, acho que foi a Caminho, publicou em formato de bolso não sei quantos volumes de policiais , comprei e li tudo, estão em casa dos meus Pais, pelo menos, a a maior parte, todos em filinha.
7. Estou a fazer a minha árvore genealógica, lentamente , muito lentamente. Já descobri factos muito curiosos. Era uma ideia de há muito tempo, mas só comecei nessas andanças , quando me iniciei na net e, no fórum de genealogia, e em outros lugares da net, houve e há pessoas muito sábias sobre esses temas que tiveram e têm uma paciência infinita para explicar os meandros todos com todo o pormenor ( acho que já disse isto algures… creio!) , sábias, mas de uma generosidade espantosa. .. em ensinamentos e em colocar à disposição o “material” que possuem…
8. Em pequena , custou-me muito deixar a praia de S. Martinho do Porto para andar por terras de Trás-os-Montes e por esse Portugal fora, mas considero que essas “viagens” me deram outros horizontes, outra compreensão das pessoas e dos lugares e uma grande capacidade de adaptação às circunstâncias e às mudanças…
9. Detesto a mentira e a falsidade, não perdoo.
10. Se não fosse a Princesa, eu seria muito ignorante, sobre a vida, para não falar de tudo quanto se relaciona com a informática e a Internet…

Já chega???

Wednesday, November 28, 2007

Parque do Rio Diz e o céu limpo


Para se perceber que o céu continua azul azul , o ar claro claro, nem sombra de nuvem, ontem a aragem fresca muito fresca, hoje sem vento...aqui fica o documento fotográfico, ainda do Parque do Rio Diz...

Tuesday, November 27, 2007

Inaugurado o Parque Infantil do Rio Diz - Guarda



Enfim, inaugurado pelo Ministro do Ambiente com direito a placa e tal, o Parque Infantil do Rio Diz - dizem - o maior da Península Ibérica... Muito bonito, mas os números são de arrepiar... fala-se ... e assim , à primeira vista, muito bonito realmente, repito, mas muita água a correr onde vai haver criançada - espera-se! - a brincar, a correr e a passear... a ponte pedonal - parece que faltou pensar na iluminação!!!? - fica a inauguração adiada.
Ah a propósito: foi há 808 anos que o rei D. Sancho I, em alguma visita à Ribeirinha ou não, atribuiu o foral à Guarda. Não sei se estava um frio como hoje que até as orelhas zunem de enregeladas... Mas o sol, por enquanto, dá um ar festivo ao dia...

Sunday, November 25, 2007

E, se de repente...ao domingo???

E se, de repente,
- como diria o poeta
o grande Vinicius de Moraes -
não mais que de repente
acabasse o café em todos os cafezais
e em toda a engrenagem
na imensa viagem
até às máquinas
do café da cidade???

E se, de repente,
desaparecesse o café quente
bem tirado no cimo a espuma?
como seria o domingo sem pretexto
para sair faça sol ou chuva
ou vento gelado ou brisa suave
num qualquer café da cidade???

E, se de repente,
não houvesse mais
a chávena de café
negro e fumegante?
como seria o domingo
sem o jornal acompanhante
e a tertúlia um tanto oca
a tertúlia já muito pouca
no café de qualquer cidade?

E, de repente,
sem um cafezinho
como seria
o dia
de domingo
ou o dia seguinte
o jornal sozinho
a conversa louca
de tão frouxa???

E, de repente,
"um café, por favor!"
e vão correndo lado a lado
ele a ela encostado
as letras garrafais
das notícias dos jornais
apontando aqui e ali
uma nenhuma novidade
e ela olha, lê e ri,
pega na chávena devagar
e é um momento igual
a muitos e, portanto,
sempre especial...

Saturday, November 24, 2007

Frio


Pela manhã, o vento empurrou o sol para dentro de casa.

À tarde, fechei a porta e saí. As ruas frias de gelar as pedras.

O passo rápido. Aragem agressiva de cortar a respiração,
quando subi a Rua do Encontro, em direcção
à Torre enquadrada por nuvens medonhas e tristes!

Vai anoitecer não tarda. Antes da escuridão,
a leveza das cores pinta o crepúsculo
e deixa um rasto de doce meditação...

Thursday, November 22, 2007

Acesa a lareira pensamento à deriva...

Acendi a lareira
fiquei
junto à fogueira
enfeitiçada
pelo calor
pelo fulgor
do fogo
embrulhei-me
nas cores quentes
das chamas
e descansei...
lá fora
por detrás das portadas
de madeira
a noite enegreceu
embruxada
de sombras e luzes
e frio escuro...

Monday, November 19, 2007

Nevoeiro

A noite pairou o dia inteiro
abrigada e gelada no nevoeiro
nem uma árvore à medida do olhar
nem uma pedra da Catedral.

O dia frio fechou as janelas
não se via nada através delas
nem gentes nem pássaros nem casas
só as folhas no chão muito caladas.

Sunday, November 18, 2007

Bonança ...


Dizem que , após a tempestade, vem a bonança... Mas a meteorologia prevê chuva e, hoje, na cidade, a vida corre calma sob um sol temperado e sopra levezinha uma aragem tranquila... caso para se ajustar o ditado e concluir que, a anunciar a tempestade, a serenidade...

Terras altas

Saturday, November 17, 2007

Árvore

Na árvore,
colhidas as folhas,
os ramos gritam,
sufocam de desolação
e a seiva gela
de tristeza.

Friday, November 16, 2007

Geada

a erva

pela manhãzinha

branquinha

não era neve, não!

geada

e a aragem

fresca

muito fresca
quase parada

esgotada...

Tuesday, November 13, 2007

mar

cercada de montanhas
prisioneira das serranias
paradoxalmente
falta-me o ar
falta-me o mar!

Monday, November 12, 2007

Sorriso

Se não fosse a tua voz em sorriso
do outro lado do fio,
que seria
deste dia
entrado o anoitecer
sem se perceber?

Saturday, November 10, 2007

Caiu a noite

Caiu a noite
na cidade
na verdade
caiu a noite
por todo o lado
adiantado
o sono do Sol!

Papoilas

“Nos campos da Flandres crescem papoilas/
entre as cruzes que, fila a fila, marcam o nosso lugar (...)”,
“se trairdes a fé de nós que morremos/
Jamais dormiremos, ainda que cresçam papoilas/
Nos campos da Flandres”.
John Mccrae
in "Publico" on-line

e, a partir de uma ideia/post de Papoila

Tuesday, November 06, 2007

"A Sétima Porta", de Richard Zimler

Vindo lá do FORUM CIDADANIA ( ideia de Carminda Pinho) , chegou este desafio que , desde já desdesafio porque não vou enviá-lo a ninguém... a não ser que alguém chegue e pense " vou pegar neste desafio!" e o leve consigo e ponha a ideia a circular sem romper o elo...
Mas eu, pela delicadeza que merece esta Amiga, vou dar-lhe forma...

1ª) Pegar um livro próximo (PRÓXIMO, não procure);
2ª) Abra-o na página 161;
3ª) Procurar a 5ª frase completa;
4ª) Postar essa frase em seu blog;
5ª) Não escolher a melhor frase nem o melhor livro;

6ª) Repassar para outros 5 blogs.

Ainda tenho à mão, mesmo perto, o mais recente livro que li .
"A Sétima Porta" de Richard Zimler ( autor de " O Último Cabalista de Liboa", entre outros, possui admiráveis qualidades humanas; nasceu perto de Nova Iorque , naturalizou-se português e vive no Porto). A acção desta obra - Berlim, tempos de Hitler e a II Guerra Mundial com perspectiva muito diversa daquela a que estamos habituados... onde são claras as adaptações camaleónicas que o medo inculca em seres aparentemente normais.

Então vou abrir...página 161... se o livro não tivesse página 161... como seria???
5ª frase completa:

" Também pensei nisso, Sophele, mas acho que a Vera e alguns dos outros podiam assustá-lo".

Sunday, November 04, 2007

Quietude

sem sopro
de ar
as folhas
quietas
bocejam.
...
com fastio
de onde
em onde
uma folha
desprende
o ténue fio
e balança
muito devagar
sozinha
até tombar
no chão.
...
sem um sopro de ar
as folhas bocejam.
...

cores

estende-se a luz; estendem-se as cores todas ao sol; cores de experiências de pintores pacientes; amarelo vivo, amarelo pálido e seco; castanho esgotado e duro; verde das ridículas giestas, das pegajosas estevas, verde das mimosas esperançadas numa primavera a destempo, verde dos pinheiros indiferentes; de repente, o fulgor do laranja e do vermelho-valentino ladino e triunfante; estende-se a luz radiante... por esses montes!

Thursday, November 01, 2007

1 de novembro

...
correm a par
um par de crianças
...
um casal de origem
indiana e um filho
parados em frente
à loja dos telemóveis
fechada
...
o polícia caminha
na rua fazendo
o seu giro
...
três homens
entendem-se
num linguajar
estrangeiro
...
a calma da tarde
tão calma
deixa perceber
o barulhar
da "sardanisca"
a correr
entre as folhas
secas dos arbustos
rasteiros
...
apaziguar
as almas
que partiram
e os espíritos
que ficaram
com flores
orações
e rituais
...
e acima
das sombras
das esquinas
dos telhados
das igrejas
dos campos
das árvores
dos casais
o sol!

Sunday, October 28, 2007

Sol da tarde

No ritual
de final
da tarde
ora antecipado
arrimado
à parede
da igreja
busca
as frouxas
réstias
de sol
um velho
acompanhado
de solidão.

Saturday, October 27, 2007

Pensando...


Será do tempo de Outono uma nostalgia que atravessa o sol e, como o friozinho fresco desta tarde, entra nas pessoas , entristece as palavras e deixa no ar as saudades? Nem se sabe de quê! E todas as filosofices são permitidas entre o olhar as paisagens fugazes em tempo mudado e o folhear alheado de um livro, um jornal, cada um rapidamente abandonado sobre uma mesa. Há instantes como pessoas. Cruzam-se connosco e envolvem-nos numa nuvem amarga, secam tudo à sua volta, em visão de terra queimada. Momentos há que seguem indiferentes sem deixar rasto. Outros, porém, são simples, instantâneos e fortes, e dessa simplicidade, brota uma energia, uma presença, uma luminosidade que marcam para sempre. De uma palavra, um gesto, um silêncio. De um nada. Que é luz. Ontem, aconteceu. ( Acontece e não damos conta). E agora voam pombas em bandos num baile mágico. Numa alegria desconcertante que as folhas amarelas e murchas não entendem e, por isso, caem desalmadas no pavimento. São estes equívocos que trazem, nestes dias, os corações desencontrados à procura de calma.

Friday, October 26, 2007

Sussurros outonais

Há um murmúrio de vozes e folhas amarelo-castanho-avermelhadas a viajar pelos ares. Num tranquilo desassossego de fim de manhã. O céu esbranquiçou-se de luz.

Thursday, October 25, 2007

O Outono chegou enfim?



Esta manhã, o sol apareceu falso ilusório baço. Zunia junto à face uma aragem agreste. Encolhiam-se as folhas caídas junto aos muros varridas em remoinhos. Nas árvores, as folhas que restam agarradas aos ramos ficaram amarelas de repente.




Para a semana, voltarei a "sair" e farei visitas. Algumas.
Obrigada pelas palavras amigas.

Wednesday, October 24, 2007

Veio o Outono

Veio o outono atrasado
com cheiro saudoso
a castanhas assadas
apetece um chá
bem perfumado
de flores silvestres
sobe no ar
vertical
tal lâmpada genial
um fumozinho
saboroso
uma palavra serena
em letra pequena
gostosa de poesia
e harmonia...
veio o outono
silencioso ...
e esperado!!!

Tuesday, October 23, 2007

Da alma


Fica-se doente. Da alma.
lê-se no olhar.
chega uma aranha e constrói uma teia.
com pezinhos de lã, estica os fios,
desarruma-os em palavras.
enreda-as. estende os desenhos,
envolve-os em fel.
cola-os. reforça-os.
basta
ficar à espera.
espera
e ataca
pela calada.
Nada
se pode deslindar
na teia armada
na cobardia.
Fica-se doente.
da alma enganada.



Intrigas

Intrigas lidas nas entrelinhas de palavras em dia susceptível. Ligadas a outras palavras a propósito de assuntos outros, juntas numa amálgama de preconcebidas confusões. Como se escutassem atrás das portas palavras soltas esfarrapadas. E , centro do universo, se achassem aludidos em cada qualquer palavra em outras sequências... como se não houvesse meio de esclarecer palavra por palavra, procura-se antes o confronto à revelia. Com amigos destes, quem precisa de inimigos?

Monday, October 22, 2007

olho o céu

olho o céu
azul riscado
de branco
o outono
em pranto
consome
a terra
de fome
e de sede...

...por falta de tempo...

A partir deste momento, por falta de tempo, visitarei os blogues ( amigos e outros) , sem deixar comentários.
Boa sorte a todos.
Estarei, no entanto, disponível e contactarei, por mail, cada um que assim o entender!

Saturday, October 20, 2007

Rimas sem jeito nenhum...

Rimas sem jeito nenhum nem sei a propósito de quê…

Em reunião cheia de alegria
Abraçavam-se uns senhores
Impantes radiantes
cheios de salamaleques
a “assinar” um belo tratado
muito bem cozinhado

e lançaram tantos foguetes ao ar
que até parecia que o dito
não vai ter que ser ratificado
por isso se calhar
os foguetes eram de lágrimas
embora coloridos…
o Zé povinho a gritar
(eram aos milhares)
não teve direito a notícia
com grande perícia
os “grandes” jornalistas
tal conseguiram evitar

Acabada a festa
Da minha aldeia
Voltarão cada um
Para sua colmeia …
Veremos se algum
Leva na ideia
A realização de um referendo
Ou se a democracia dá jeito
Apenas quando convém…
Ou se o povo se deixa
Ficar a adormecer em sono lento
Ou se este contentamento
Explode na mão de alguém…

São assim as festas na minha terra
A ressaca depois da música dos bombos dos foguetes
Do vinho a correr nas gargantas alegretes
Custa sempre muito a curar…
...

Friday, October 19, 2007

No alto



A Torre


no alto do Castelo

na foto parece inclinada

tem graça

nunca tinha reparado

a Escola

ao lado

bem lá no alto

não admira nada

que a cabeça pareça

desanuviada

mas ande atarantada

com tanta papelada

valem as janelas altas

abertas para a lonjura

que entra pelas salas

dentro mesmo sem ser

convidada.

Monday, October 15, 2007

Cheiro a tílias e a terra




Choveu.
Ao longo do horizonte, uma linha de luz.
E, descendo as escadas quotidianas, anda no ar o perfume das tílias
e o cheiro fresco da terra.


Singelamente, para todos, em especial, para a Carminda...

Saturday, October 13, 2007

São estas as tílias


Que me importa o inútil

Se mexem as folhas

E me abraçam as tílias

Em negaças ao sol

Que me importa o papel

Se ao vento me dou

E é ele quem transporta

A minha canção.


Autor: J.G. O Sineiro

Friday, October 12, 2007

As tílias

Devia ter trazido a máquina fotográfica... as tílias perfilam-se este fim de manhã em frente ao portão da Escola , como vem acontecendo há dezenas e dezenas de anos, mas hoje excepcionalmente felizes. A manhã veio muito cedinho fresquinha fresquinha a chamar os casaquinhos mais quentinhos e fofos. Depois, cresceu céu longe e trouxe um soberbo calor de Outono a cheirar a marmelos e diospiros e romãs em cambiantes de cores calorosas e doces, em despique com as tonalidades do verde ao amarelo das folhas incansaveis a cair no chão ( trabalho de Sísifo o dos varredores das nossas ruas por estes entretantos) e a garotada enche de vida esta paisagem sob o sol clarinho e suave, com Torre de menagem em fundo com ar de postal ilustrado. E as lições... que damos e recebemos, hoje estou a ganhar, que recebi mais que dei. O J. S. contagia com o seu entusiasmo e ensina e sabe tudo de sites e blogues e versões disto e daquilo, vai a cem à hora, que só tinha meia hora para me esclarecer, e eu, a correr, a correr, a cabeça cheiinha de pressa para apreender tudo e ele, naquela tranquilidade sábia de onze anos, a dizer que tudo é muito fácil, não preciso de me preocupar, é melhor tomar nota disto e daquilo e do outro e eu, regalada, a dizer a toda a gente que estava a ter uma aula de informática e ele com aquela serenidade impressionante como se isso fosse a coisa mais natural deste mundo, a verdade é que é, devia ser se não é... e as tílias têm um aspecto cada vez mais bonito e o sol brilha divino sobre a cidade e a garotada brinca no recreio, senta-se nas escadas, conversa sem saber de quê, que importância tem isso... ouve-se a aula de Educação Física e os gritos de "goooolo!" e parece tudo tão certo, tão certo que me ponho a escrever ao correr das teclas, se calhar ficam aí umas palavras com as letras trocadas, mas tenho que dizer isto, desta sensação que pode não se repetir logo à tarde, daqui a bocado já não se vive a mesma cena da mesma maneira, já as tílias podem ter abanado os ramos, podem ter caído mais umas folhas e é por isso, já nada é mais a mesma coisa, já a criançada desata numa correria ao toque da campainha, já se perdeu a magia, já se perdeu a consciência da beleza desta milésima de segundo, o J.S. a tirar-me as dúvidas, a surpresa de todos, tudo invertido, pode haver um grito mais alto, mais desajustado e o sol pode assim ficar desafinado , e as tílias brilharem menos... por isso, dedilho aqui estas teclas escuras com as letras brancas a toda a pressa que o tempo urge, ruge silenciosamente a passar e o relógio saltita em bicos de ponteiros e as tílias... ali, em gfrente ao portão, mesmo ao fundo das escadas... e o sol suave , suave e é tudo tão simples e tão bonito...

Wednesday, October 10, 2007

Inutilidades

Das grandes janelas

luminosas e antigas

apetecia o sol

e a tarde majestosa
que corria calma;

sobre as mesas amarelas

papéis fastidiosos

amarfanham a alma
e toldam o entendimento
esgotam a energia
e a alegria da hora
que avança
e os ramos entrelaçados
das tílias lá fora
sussurram segredos
suavemente encantados...

Sunday, October 07, 2007

Sete à mesa

Cada um de seu lugar
marcaram
um ponto
e aí se encontraram
entre o sol
os inícios
e os caminhos
andados
entre a dúvida
e a (pouca) certeza...
atropeladas
as palavras
pela emoção
no canto da garganta
e nos abraços
apertados
e umas lágrimas
enroladas
no coração:
sete à mesa...

Friday, October 05, 2007

pensamentos em passeio




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ténis velhos nos pés
mp3 nos ouvidos
capa da chuva - a manhã dançou radiosa de sol, mas a tarde preferiu o cinzento das nuvens
chaves no bolso direito
máquina fotográfica do outro lado
óculos de sol - não há sol, mas andam sempre poeiras no ar, diz o oftalmologista, protegem os olhos e os meus com carácter de urgência
marca a música o ritmo do caminho
a ponte pedonal - obra iniciada no natal de dois mil e seis parece pronta-
não foi ainda inaugurada
atravessemos a estrada
automóveis para cá e para lá
pessoas quase não há
segue a música cat-cha... pum...
ca...tch...pum a compasso
o parque infantil - o maior da Península Ibérica!-
vem dos primórdios do Pólis
pomposas palavras
equipado a preceito
cada equipamento que deixa os olhos abertos de espanto
mas não há crianças nos baloiços modernos nem no canto
do mini-anfiteatro nem em lado nenhum
os passeios aprimorados
os espaços ajardinados
mas ainda não inaugurados
e a música ... "no vento do norte...
... fogo de outra sorte...
... sigo para o Sul...
sete mares.... "
corre a meio a ribeira do Rio Diz que tresanda de maus cheiros
uma dificuldade
sem resolução à vista
alcandorada no alto
a cidade ...
uma bandeira
hasteada
ondula pregada
no céu!

Tuesday, October 02, 2007

Outono


A chuva caía , macia, ao anoitecer e luzia a água nas poças em círculos minúsculos.

Escuridão dentro, engrossou e desatou a correr campos e estradas fora até ser dia.

As árvores tresloucadas, despenteadas pela ventania soltam folhas repentinamente amarelecidas.

À esquina, um homem, sob as gotas acocorou-se e escreveu, na areia cinzenta da borda escaqueirada do passeio, umas palavras aparentemente incompreensíveis.

Dizem que, numa estrada da Galiza, um poeta anónimo espalha os seus versos em maiúsculas ao longo do alcatrão, como se registasse os seus pensamentos num antigo quadro negro da Escola.

Ou os lançasse ao vento em mensagens globais.

Sunday, September 30, 2007

Não, senhor Secretário de Estado


Alguém teve tempo para ler a crónica de Maria Filomena Mónica, no "Público" de hoje , domingo, dia 30 de Setembro???

É melhor NÃO ler...

E, como o dito jornal não deixa ler as notícias, crónicas e etc... da edição impressa on-line, a não ser a assinantes, eu, que comprei o jornal, partilho-a...

... para ver se NINGUÉm lê.
Nota: NÃO fazer duplo clique sobre a imagem, porque, desse modo, lê-se mesmo bem!!!

Saturday, September 29, 2007

Sótãos


Um dia qualquer, já Outono, andei pela praia e a areia morna entrou nas sandálias sem ser convidada.

Esta tarde , o Outono não deixou dúvidas e obrigou-me a abandonar numa caixa as sandálias. E levou-me aos armários a mudar roupa e sapatos.

Enfiei umas tralhas no sótão. Não sei por que razão metemos tanta coisa no sótão, sempre com a ideia de que, um dia destes, podemos vir a precisar de algum daqueles objectos. Durante a maior parte do tempo, esquecemo-nos deles completamente. Se , uma vez por acaso, nos lembramos de algo e vamos lá procurá-lo, quase nunca o encontramos... Então para que servem os sótãos das casas?

Quando chega o Outono e nos entra pela casa dentro, nostalgicamente, o Verão refugia-se no sótão... das recordações... juntamos-lhes as outras estações e vem a melancolia de uma vida a passar...

Thursday, September 27, 2007

Listas


Eu sei: estou atrasada. Ainda nem sequer fiz a lista das prendas de Natal, quando, por esta altura, em anos anteriores, até já tinha comprado algumas. A minha irmã do meio num destes dias, em conversa no messenger, proclamou em letrinhas coloridas com uns bonequinhos engraçados à mistura ( andamos mesmo actualizadíssimas!) que eu já podia fazer anos e festejar o Natal, quando quisesse, que as minhas prendas estavam compradas… Prefiro cumprir o calendário, mesmo assim. Mas enfim, este ano, o Verão passou muito depressa. Estava eu à espera dele em ondas tremendas de calor e ele passou sossegadinho ( a Meg vai protestar, mas eu não tenho culpa que ela viva mais perto do Equador – não o livro do Miguel , não, simplesmente a linha imaginária , essa , que separa o Norte do Sul e dizem que é por causa dessa linha que não vivemos as estações do ano ao mesmo tempo, andamos com as voltas trocadas) e, agora, dou conta que corre pelas noites um ventinho diferente, embrulha-se na folhagem aqui à porta e anda em segredos tardios pela escuridão fora…De repente, dou comigo, atolada em montanhas de papel, a bem dizer, nem é papel, é mais páginas de computador que depois, de qualquer maneira, se transforma em resmas de papel. Andam uns senhores muito vistosos, bem vestidos a gritar aos quatro ventos ( deve ser mesmo por causa da chegada do Outono; no Brasil, o Óscar Luiz lembrou que lá , do outro lado do Atlântico, em terras uma vez chamadas de Vera Cruz, começou a Primavera…) umas trapalhadas sobre novas tecnologias com umas palavras muito sofisticadas que só eles, bem perfiladinhos compreendem, cheios de cifrões ( já não existem cifrões, era do tempo dos escudos , agora é um símbolo com cara de euro…) a brilhar e que nenhum dos simples mortais vê a raiar por este país… e falam e falam de inovação e modernidade e muitas vezes palavras terminadas em -ão e -dade e eu fico perplexa , quando me vejo obrigada a preencher tantos documentos sobre uma só e única pessoa não sei quantas vezes , quer dizer , até sei : o nome de X e o nome dos pais e profissões e habilitações literárias , por exemplo, que já constam no boletim de matrícula informatizado ( mas que passa a papel em cada ano) e que se repete na ficha biográfica que os pais preenchem para o dossiê de turma, noutra ficha para retirar dados para o projecto tal e coisa, mais a folha da caderneta , se eu achar conveniente, e, como se não bastasse, retirar os dados da dita ficha e colocá-los numa grelha e reproduzir dados e grelhas quase até ao infinito, em várias versões…no computador e , depois, tudo em papel e ando de "pen" para cá e para lá…a fingir que estou ( sou) muito moderna…E, quando penso ( nessa altura, acho que já nem penso , fico automatizada ) que vou dar por concluída a tarefa, há sempre um malvado papelinho… à minha espera. Bendito Simplex! Dizia eu que me vejo anestesiada com tanta grelha… E, se , da rua me virem, através da porta-varanda, com os braços no ar, uma vez e outra, no meu canto do computador, como se fosse uma maestrina maluca, ao som de D. Shostakovich- Waltz nº2 from Jazz suite que ouço a partir de http://www.osbigodesdegato.blogspot.com/, ninguém estranhe.


Pois! E estou atrasada , já disse.Vou fazer a lista das prendas de Natal.

Wednesday, September 26, 2007

Lua cheia

A lua tombava
em cheio
sobre as árvores
e a sombra
estatelava-se
no chão
desamparada.
O vento
bisbilhotava
entre as folhas
num bulício
nocturno
e inquieto
de outono.

Friday, September 21, 2007

A casa dos avós





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A casa.
A casa que foi dos meus avós.
A casa com aquelas janelas da sala.
A sala enorme com uma mesa comprida e pesada.
A mesa dos almoços fartos e longos de domingo.
Abríamos a janela e colhíamos cachos de uvas negras “mouriscas”.
Os cachos de bagos redondos e gordos.
Trincávamos entre os dentes os bagos rijos.
Os bagos desfaziam-se dulcíssimos na boca.
No andar de baixo, havia uma porta.
A porta dava para a adega e para o lagar.
Do lagar subia em tempos vindimos o aroma do mosto.
Junto ao grande portão de madeira, desciam meia dúzia de escadinhas de pedra.
No Verão, corria pelos degraus, vinda de longe, uma levada de água abundante e fresca.
A água corria das poças, encaminhava-se pelos regos cuidados até aos campos de milho.
À tardinha, ainda o calor ardia nas pedras, três garotas riam.
As garotas chapinhavam, exuberantes, na cascata particular à porta da casa.
A casa dos avós.
A casa.

Thursday, September 20, 2007

Tuesday, September 18, 2007

Power of Schmooze Award



Não faço a mínima ideia de onde surgem estes e outros prémios que cirandam pela blogosfera em danças e contradanças... ( este parece - olha que eu digo parece- que surgiu daqui - http://thingsbymike.com/about/power-of-schmooze-award de um tal Mike)

Sei que a Papoila ganhou um , bonito, poderoso, ainda por cima azul... a combinar contrastando com a cor preciosa das suas pétalas...

Vai daí , amorosa, como sempre, põe-se a distribuir, magnânima e simpática ( sei quem vai gostar , mas que torce o nariz às "cadeias" , "correntes", e sinónimos... e vai fazer um discurso sobre o assunto... ah lembro-me de repente que não vai ser apenas uma personagem... ) e , vejam bem, olhem lá bem para ele tão vistoso, calhou-me um a mim... Eu não vinha escrever sobre nada disto, mas agora tenho que reflectir sobre o assunto e ofertar mais cinco e é difícil, tão difícil... Depois, a primeira regra, devia dispensar-me de nomear blogues que o outro prémio referido , também o recebi e distribuí... mas isso não deve interessar para nada e já vai há algum tempo... Sendo assim, vou meditar um bocadinho... É que uma pessoa acaba sempre por ser injusta , quer queira quer não...

"Este prémio é uma tentativa de reunir os blogues que são adeptos aos relacionamentos "inter-blogues" fazendo um esforço para ser parte de uma conversação e não apenas de um monólogo".

Schmooze: (Verbo) fofocar, jogar conversa fora, trocar idéias. (Substantivo) conversa, bate-papo.

Regras:

1. Se, e somente SE, você receber o "Thinking Blogger Award" ou "The Power of Schmooze Award", escreva um post indicando 5 (cinco) blogs que tem esse perfil "schmoozed" ou que tenha te "acolhido" nesta filosofia. (se não entendeu, leia a explicação no parágrafo anterior de novo).

2. Acrescente um link para o post que te indicou e um para o post do Mike, para que as pessoas possam identificar a origem deste meme.

3. Opcional: Exiba orgulhosamente o "Thinking Blogger Award" ou o "The Power of Schmooze Award" com um link para este post que você escreveu." ( Nota minha ... Isso é que era bom... que eu conseguisse fazer isto... sem pestanejar!!!)

Depois de uma meditação breve que tenho outras questões a que atender, atribuo este Power of Schmooze Award aos seguintes blogues ( não vou atribuir àqueles já presenteados pela Papoila que eles ainda me atiram um livro à cabeça... com boa intenção e numa grande risota...mas podem-me atingir, sem querer!!!) e tenham lá paciência, os links... ao ladinho:

Porca da Vila lá pela Braganzónia

Simplesmente Kaotica

Cidadão do mundo MIXTU

Bell in Savebybell

O poeta na voz da romãzeira

Monday, September 17, 2007

Hino às Mulheres

A canção ELLA, cantada por Bebe é um verdadeiro Hino às Mulheres. Chegou-me por via de uma grande Mulher, uma verdadeira Princesa, que habita ali a três ou quatro quadrículas do Passeig de Gràcia, na cidade de Barcelona e eu dedico-a a todas as Mulheres, ( aos Homens também , aos que têm grande apreço e carinho por Elas!!!) , em particular àquelas que têm a paciência de me visitar com uma regularidade fora do comum... e muita amizade. Aproveitem, levantem-se aí da cadeirinha junto ao computador e dancem... Isso: que maravilha!

Para o caso de não terem notado nada: Repararam que consegui colocar aqui um vídeo? SEM ajuda!!! Batam palmas... Muito obrigada ( vénia)!

Ella

Sunday, September 16, 2007

OS LOBOS

São OS LOBOS. Jogam rugby. Ninguém previa que uma equipa amadora chegasse aos Mundiais. Ninguém previu a transmissão em canal aberto de um ( apenas um!!!) jogo que fosse para os apreciadores ... tem que ser previsto para ser publicado no Diário da República! ... E vai daí eles vão, dão uma lição de profissionalismo e de amor ao desporto... e conseguem, dentro e fora de campo, o respeito de todos, adeptos (e não só) e jogadores, incluindo os All Blacks, campeões mundiais... porque também respeitam os adversários e jogam com alma e com alegria... e, porque lá bem dentro de cada um de nós, apesar da nossa sina de fado triste congénita, temos ( quero eu crer!!!) uma luz igual àquela que sentimos neles, nós nos orgulhamos e nos emocionamos e queríamos todos ser como eles . Sem vergonha. Sem subserviência. Sem miserabilismos. Mesmo quando não vencemos. Respeitados por todos. Como deve ser apanágio de um Estado independente!!!
E sei que alguns me vão entender! E mais não digo!

Para vê-los e aprender a cantar o Hino Nacional sem pejo:

http://videos.sapo.pt/QTSrOnViqmRjsitCmPGO

Saturday, September 15, 2007

Fim de tarde...

Eu abri a página do blogue para escrever sobre as nuvens que , a princípio da tarde, se amontoavam brancas em castelo, entre nesgas de céu azul e o brilho da luz do sol que se reflectia nos flocos de algodão; alguns foram ficando cinzentos e o vento tentou empurrá-los para longe. Agora postaram-se em círculo ao longo da linha do horizonte em vigília. Mas , enquanto o blogue abria e não abria, fui espreitando umas notícias e dei-me com esta no "Público" on-line, última hora ( ainda não, não aprendi a fazer o link para se ler a notícia toda, mas vou ter um ano para aprender , creio eu, se a isso me dispuser, tenho que fazer uma lista enorme ...http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1304969) :

«Homem morre após ambulância ter estado parada por ordem da BT
15.09.2007 - 12h51 Lusa
Um homem morreu quinta-feira "poucos minutos" após entrar no hospital de Ponte de Lima, depois de a ambulância que o transportava ter estado parada "perto de 20 minutos" à ordem da Brigada de Trânsito, denunciou hoje um seu familiar.
(...)
Contactada pela Lusa, fonte da empresa "Ambulâncias Arcuenses" que assegurava o transporte da vítima, garantiu à Lusa que o motorista alertou a BT para o facto de na viatura seguirem dois "doentes urgentes".
Apesar disso, a ambulância ficou ali retida "algum tempo", para "cumprimento de formalidades de trânsito", nomeadamente dois testes de alcoolemia, após o que a BT terá então dado ordem para a viatura seguir para o hospital."
A Brigada seguiu a ambulância para se assegurar, junto do hospital, se o caso era urgente ou não e decidir se autuava ou não pela utilização das luzes de emergência. Acabou por não autuar", disse a mesma fonte.
(...)»


Um pássaro, daqueles que planam em frente à minha varanda de vez em quando, passa veloz em direcção às árvores, quedas em fim de tarde...

Tuesday, September 11, 2007

Realidade?


Enredei-me toda a noite nos lençóis, sem dormir, enleada em papéis... que me massacravam a cabeça... Tentei descansar recorrendo às imagens do mar: o mar da Concha, o mar de Espinho, o mar da Vagueira, o mar de Sesimbra, Atlântico e poderoso, o mar Adriático, calmo e quente, o mar Mediterrâneo, o mar... Acordei ao toque da campainha. O sol , esse, magnífico, o calor em dose perfeita. Atravessava a rua um casal de braço dado e ela trazia um fresco vestido curto às flores. Pelo dia fora , continuei afogada em papéis e decretos e leis e despachos e portarias. E tenho a sensação bizarra de que a noite chega mais cedo e eu ainda teimo na ilusão do Verão...

Monday, September 10, 2007

Da Tv...

Um psiquiatra espanhol, na televisão espanhola, questionado por uma jornalista espanhola, acerca da actuação da Polícia Portuguesa, no caso Maddie, respondeu, sem hesitação e com toda a convicção, que a Polícia Portuguesa é das melhores da Europa e que os seus investigadores são totalmente dedicados ao trabalho!




Eu não percebo nada de râguebi ( leia-se assim mesmo!) , a primeira vez que ouvi falar deste desporto foi há mais de trinta anos em viagens de Coimbra- Anadia - Coimbra pela voz da minha colega Graça Cantante ( o marido era jogador da modalidade!) , mas não sei nada mais desse jogo, mas aquela garra, aquela fibra das imagens em que, a chorar, aqueles HOMENS cantaram o Hino Nacional, com alma e sem nenhuma vergonha emocionou-me , que querem ? Não vivo só para os papéis!!!... Tivessem outros desportistas aquela chama!!! ...

Saturday, September 08, 2007

Calma


Fui andarilhar pela cidade. A temperatura convidava, soberba.

Atravessava as ruas e travessas um silêncio calmo. No jardim, as folhinhas das árvores nem mexem e as flores recolhem o sol de corolas erguidas e tranquilas.

Tuesday, September 04, 2007

à janela

Encostada à janela, olho descuidadamente a árvore: em redor dela, uns pardalitos em acrobacias geniais, rasando os telhados, regressam metódicos aos ramos escondidos entre a folhagem...

Não tarda nada , eu vou estar afogada em papéis...

Encostada à janela, deixo correr a textura do tempo.

O sol poisa no restolho e ainda é Verão!

Saturday, September 01, 2007

Setembro

ouve-se o sossego



na praça,



vozes baixas



nas escadas



junto à catedral;



folheio o jornal



muito devagar,



bebo um café



melancólico;



do miradouro



no quadro bucólico



da paisagem



nem quase aragem:



rodam num torpor



comedido as hélices



dos monstros eólicos



encarrapitados



especados



num céu pálido.





Friday, August 31, 2007

Agosto




a contragosto

o mês de Agosto

chega ao fim

assim:
o céu liso de azul

uma aragem ligeira
traiçoeira

uma sonolência

uma dormência

dos vales aos planaltos;

um rebanho procura

erva perdida no restolho

e os pardais

entre os ramos

voltejam sem cessar
em círculos repetidos;

a aventura

guardada
numa gaveta

semi-fechada

em fotografias

de momentos
lentos

sem tempo marcado

e na memória
uma varanda
com vista para o mar

para me perder
quando precisar

de calma...
















Wednesday, August 29, 2007

Certificado



Ando com uma preguiça imensa. Chamo-lhe eufemisticamente síndrome de fim de férias para justificar o incumprimento de uma lista de tarefas que ando a tentar realizar devagar como convém para não stressar... foi assim que só hoje trouxe com muito prazer um certificado que a Carminda ( FORUM CIDADANIA) me ofertou com carinho... E ainda por cima não obriga a nada...
Agora, quem me visitar de boa fé, é porque tem também um blogue merecedor deste certificado, colha-o e leve-o. Não foi para isso que inventaram estes certificados? Essa é boa! Não discuta, leve-o e pronto! Não é assim, Carminda? E ela é que sabe destas coisas...

Tuesday, August 28, 2007

Saudades


Naquela noite, os relâmpagos entravam por aquele funil que descia até à porta alta e antiga do quarto e os trovões ecoavam entre as paredes do pátio interior. O sono escapulia-se entre as horas vagabundas, ali a duas quadrículas da Rambla Catalunha, a três do Passeig de Gràcia ( um luxo!) à espera do despertador, que o avião não esperava. Pela manhãzinha, descemos a Rambla quase deserta lavada a preceito pelas chuvadas nocturnas. Parecia uma manhã sem nada de especial e, afinal, lá ficava a Princesa na Praça de Catalunha a dizer adeus com o seu sorriso sonolento e sereno, prontinha para ir trabalhar…enquanto eu partia, sem perceber bem porquê.

Sunday, August 26, 2007

Acordei

A noite acordou
assustada
pela trovoada,
entrou
pela madrugada
esgotada
em granizo
e a água atarantada
transformou-se
em rio
pela rua;
corri
à janela
estremunhada
e pensei
que adormecera
em hibernação
e aquela escuridão
trouxera
um Inverno
extraordinário
espantando
o calendário
lavando
as pedras
adormecidas
despertando
dos sonhos de Verão .

Saturday, August 25, 2007

Chuva de Agosto

O vento
ergueu
num escarcéu
o pó
e varreu
a areia,
empurrou,
arrastou,
envolveu
as nuvens
em escuro;
o ar cheirava
a água.
Do sul
chegou
a chuva.

Thursday, August 23, 2007

Palau Nacional - Barcelona : Fonte




Fonte: noites mágicas de Verão, aglomera-se uma multidão nas escadas e arredores do Palau Nacional de Barcelona; ergue-se a música e a água acompanha o ritmo, enrola-se em salpicos, sobe num jacto de cor bruxuleante e cai em rolos de algodão branquíssimo, enreda-se em formas e alturas diversas, espalha-se em forma de leque, cruza-se e descruza-se, valsa do rosa em branco e alarga-se em vermelho paixão e regressa ao céu num impulso impossível, acalmam-se langorosos os sons e a água sossega, incansável, numa dança lenta... só um instante...

Wednesday, August 22, 2007

Nortada


A espuma da água

cortada

pela nortada

corre branca

apressada

em direcção

à praia.

Monday, August 20, 2007

Fonte de Trevi - recanto


Ainda não percebi como consegui tirar uma ou duas fotos sem pessoas: era dia oito de Agosto e o calor abatia-se sobre Roma ao princípio da tarde e, à volta da famosíssima FONTE, aglomerava-se , sentada, de pé, a chegar, de passagem, a partir, uma multidão de muitas partes do mundo...

Sunday, August 19, 2007

Feira S. Mateus, Viseu


Depois das obras dos últimos anos, recinto fantástico; pavilhão de exposições muito agradável com ar condicionado; restaurantes com bom aspecto e , em geral, com qualidade. Preços a puxar para o carote, se escolhermos uma ementa diferente de frango, febras, costeletas de porco e afins.

Praça Velha com Sé Catedral: Guarda


Dez da manhã!
instalada
a esplanada
sob um sol brilhante
temperado
por aragem
da serra
um café e um jornal
uma conversa informal:
sopra a calma
na alma
da praça.

Saturday, August 18, 2007

Basílica de S. Pedro - Roma


Em fila indiana
cobertas as mulheres
em direcção à basílica
à espera recolhimento
um momento
de prece;
ferve grande agitação
um corrupio em movimento
fotos desenfreadas
um choque, uma angústia;
numa fuga para a praça
para respirar da pressão;
aquece
a cabeça a ideia
absurda do lugar
em que se ergue
sumptuosa
serpente em anel:
a feira das vaidades!

Thursday, August 16, 2007

Nascer do sol




Há lugares assim:


o sol não se põe no mar


alagando as águas


de luz cor de fogo;


do mar irrompe


o sol pela manhã


inundando as ondas


de vida!

Alba Adriatica