Saturday, October 21, 2006

Os nossos livros


Deu-me para isto! Há quem faça jardinagem, quem vá à piscina, quem vá ao cinema, quem faça tricô, quem faça croché, quem passeie nos centros comerciais, quem vá à caça, quem vá à pesca, quem leia os jornais todos, quem escreva, quem veja televisão, quem jogue a sueca, ou pingue-pongue, quem faça mil e uma coisas ou quem não faça absolutamente nada. Pois a mim , nesta fase , deu-me para isto: agarrar nos livros, um a um e inventariá-los. Podia dar-me para pior, mas ando nesta faina. Agarro nos livros, tiro-os do lugar, insiro os dados na base ( de dados) , olho-os com mais atenção, com menos, mudo-os de sítio, folheio um ou outro, vejo as datas e os comentários e os sublinhados e as notas à margem ou vejo-os vazios de todo, sem humanidade nenhuma, deixo-os em cima da mesa um bocado, arrumo-os noutro sítio, alguns não merecem o lugar que tinham, outros acabam por ficar agora junto dos títulos do mesmo autor. Às vezes, passam-se horas sem descobrir surpresa alguma. Outras vezes, demoro horas para conseguir aumentar a lista: as datas que me trazem recordações, ou os autores, ou então estou no "messenger" a falar com a mana do meio, espreito dois ou três blogues, volto à base de dados, miro as estantes, os lugares onde estavam os livros, troco-os por outros, é uma empresa para durar. E não me pus com a ideia peregrina que me sopraram ao telemóvel esta tarde: que também podia acrescentar comentários aos livros! Era o que mais me faltava. Isto leva o seu tempo e tem fases. Agora estou nesta fase. Só quero os livros "metidos" na base de dados e metidos nas estantes de novo. Depois logo se vê. Esta ideia veio de um saco. A filha trouxe um saco. Cheio de livros. Muitos livros, eram para aí uns quarenta. Que fazer com tanto livro? Ora aí está um belo entretimento. Como se eu não tivesse mais que fazer! Começava por esses livros, arranjei assessoria para umas dicas disto das bases de dados , que uma pessoa parece muito moderna, muito moderna, mas não se aprende tudo de uma vez, tem que se ter o seu tempo e não há nada como a prática... e pus-me ao computador... Aí há uns oito dias. E já lá vão 211 títulos , olha que bonito número para pôr aqui neste "escrito"... ficou mesmo bem... Descobrem-se livros que, afinal, não são nossos, alguma colega dos tempos de estudante ( LÉtranger de Albert Camus) ou que temos sete títulos de Isabel Allende, de José Saramago aparecem em todo o lado, o que é muito bonito, que um Prémio Nobel ( diga-se como palavra aguda que é como o "nosso" Nobel pronuncia para mostrar que estamos sempre a actualizar-nos) fica sempre bem em qualquer biblioteca, de Miguel Torga a mesma cena, já nem me lembrava que tinha uma obra de Francisco José Viegas, ou um livrinho muito fininho de poesia "A Casa e o Cheiro dos Livros". Saiu-me ao caminho uma obra de Pepetela, mas não fui eu que comprei, foi a A.. Sem mais nem menos , surge-me do meio das páginas do livro de poemas de Ruy Belo um marcador com umas franjinhas a dizer : " concilio labore" town hall cathedral city of manchester. Do "Siddartha" de Hermann Hesse ( tenho uma dificuldade com este nome , lembro-me logo de um qualquer nazi e põe-me de pé atrás e não tem nada a ver com isso) , saltou-me um postal - enviado de Amsterdam, diz o carimbo que em 6/6/2002; doutro livro, solta-se um pedaço de papel qualquer a marcar uma página ou um poema; Um extracto de conta também serviu de marcador. Encontro títulos quase impossíveis “Que faço eu aqui”… Às vezes, quero trazê-los em braçado e caem-me todos ao chão, acho que não querem fazer parte de lista alguma e reagem assim. Alguns foram comprados nas férias, numa livraria-quiosque de S. Martinho do Porto, que bem quisemos comprar nas Caldas da Rainha, mas a dona da Livraria não deixava mexer nos livros (!!!) .
Há livros que foram presentes de Natal com nome e data.
Encontrei algumas primeiras edições.
Antes de 1998, são raros os livros que vieram comigo. Ficaram prisioneiros noutra casa para proveito de ninguém.
O primeiro nome da minha/nossa lista, por agora, é Peter AcKroid. O último é Richard Zimler. Com prazer. Com as palavras, que me escreveu em correio electrónico, aquando da leitura da sua mais recente obra "À procura de Sana".
Livros em inglês que não podiam ter sido comprados por mim... está bem de ver... também uma obra de Miguel Esteves Cardoso com um bilhete de embarque porto-zurique entre as suas páginas.
Autógrafos: Carlos Pinhão, António Torrado, Ana Maria Magalhães, José Fanha, Judite de Sousa, Matilde Rosa Araújo, mas esse é outro departamento.
Ficam maravilhosos, todos certinhos em ordem alfabética ( os autores) , até dá gosto olhar!!! Uns não estão a achar graça , ao serem relegados para os confins das estantes. Outros ganharam novo brilho ao serem trazidos para um local nobre.
Deu-me p'ra isto! Que se há-de fazer?

1 comment:

vareira said...

Estás aqui estás na biblioteca da escolanas tuas horinhas a mais!!!Mas é bom rever livros...trazem memórias que sempre nos vão fazendo sorrir...Também gosto de osver pois sempre encontro um comentáriozito escrito a lápis por mim...