Monday, February 26, 2007

Querem apagar a minha vida

Estou assim um bocado aparvalhada. Pensei que só Estaline e outros companheiros apagavam as pessoas das fotos, quando não lhes convinha por variadíssimas razões aparecer junto delas para a posteridade, e ponho-me a ler a segunda versão do projecto de diploma regulamentar para acesso à categoria de professor titular, como quem não tem mesmo mais que fazer. E descobri, a manter-se esta versão ou equivalente, que - não é que me interesse ser titular muito especialmente, o que queria, na verdade, não era bem isso: agora só queria que , daqui por dois, quatro anos no máximo me deixassem reformar e mais nada - antes de 1999, e recuando até 1973, não vivi profissionalmente. Nada conta do que se passou nesses anos, nem a passagem pelo Conselho Directivo, nem pelo Conselho Pedagógico anos e anos como Delegada de Disciplina, nem como Directora de Turma... Nem conta nenhuma actividade que dinamizei e em que colaborei - e claro que não estou sozinha, outros trabalharam muito mais que eu - ( Visitas de Estudo, Feiras do Livro, Exposições, publicação do jornal, publicação de um livro de textos e poemas dos alunos - para o qual andei a pedinchar o dinheirinho de porta em porta como uma triste e "pobre de pedir"- Encontros com Escritores ( noutro dia, vi-me tão antiga que ainda me lembro de ver lá na Escola a Odette de Saint-Maurice !!!), o Dia do Francês com cantorias e danças e já nem me lembro do resto... Nem conta cada ano em que nem dei uma única falta ... Só contam os anos, em que as mazelas começam a carunchar e uma pessoa se vê obrigada a ir ao médico , a andar em exames de vigilância e prevenção, ou com viroses incompreensíveis, mas terríveis, e gripes ou afonias completas, quer dizer , em que não digo nem pio...
Conclusão: querem pura e simplesmente apagar a minha vida profissional de uma penada... e, se calhar, como crêem que já ando muito motivada, ainda querem humilhar-me mais e fazer-me crer a mim que nunca fiz nada e que não valho nada... mas estão enganados, porque a minha consciência do trabalho com os meus alunos vale mais que um cargo estupidamente chamado titular e, embora me apeteça chorar de raiva, não o vou fazer... o desprezo é o melhor, já que a luta de pouco valeu...


Esta tarde, fui a pé até ao Arquivo Distrital, via Avenida dos Bombeiros. À vinda, após as Portas do Sol, nem queria acreditar e fiquei ainda mais aparvalhada do que já ando ultimamente: cortaram todas as árvores da Avenida. É a preparação para as obras de um certo Fórum ( cuja abertura está anunciada para a Primavera de 2008)... começam bem!!! ( Não trazia a máquina fotográfica comigo!!!)

1 comment:

Jorge P. Guedes said...

Descreves muito bem a tua legítima revolta, que será a de tantos outros a quem tudo se exige etudo se tira.

Um grande abraço solidário, claro!

E essa das árvores, enfim, é mais uma...aberração do poder local.