Wednesday, December 22, 2010
Saturday, December 11, 2010
Monday, November 15, 2010
Sonhos
Nem sei se acordei
vi-me no meio de um nevoeiro intenso
procurava procurava-me procurava-te
e não me encontrava não te encontrava
prisioneira dentro de mim
gritava
participei na fuga escapei
nas garras do nevoeiro
um cheiro tardio a incenso
não se vê nada ninguém acende a luz
na tarde precocemente noctívaga
a noite engoliu os sonhos
tão cedo...
Sunday, October 31, 2010
Árvores no outono
uma árvore
as folhas verde-acastanhadas amarelaram num ápice
começaram a cair pouco a pouco apoucaram nos ramos
quedaram meia dúzia a naufragar agarradas aos troncos mais finos
chegou na escuridão um safanão de espíritos e ventos embruxados
e arrancou desapiedado as folhas sobrantes agonizantes no chão
um arrepio correu a noite num brado de mistérios acesos
à volta de uma fogueira na clareira escondida entre as sombras dançantes
bruxuleantes de sons fantasmagóricos e músicas esquecidas nas pedras
a árvore ergueu os braços despidos num delírio obscuro do princípio da terra...
Monday, October 18, 2010
sol de outono
Thursday, September 30, 2010
Folhas caídas
o homem vagueava pela cidade
arengando embriaguez e loucura
em gestos e palavras absurdas;
caiu sem vida e sem idade
atravessando a serra crua
com as primeiras folhas do outono.
arengando embriaguez e loucura
em gestos e palavras absurdas;
caiu sem vida e sem idade
atravessando a serra crua
com as primeiras folhas do outono.
Thursday, September 23, 2010
Amoras
Sunday, September 12, 2010
Caminhos
mais vale assim
guardar nos braços
entre os abraços
o momento das rosas
o perfume do jasmim
sob as ramadas prenhes de uvas
e o perfume da terra sob a chuva
e adiar o tempo
do sofrimento
envenenado do aloendro branco
mais vale assim...
Saturday, August 21, 2010
Praia Azul
Quatro varandas viradas para o mar
um guarda-sol azul no extenso areal
e azul rendilhado de branco ainda o mar
azul a praia onde se escreve a rimar
uma toalha estendida ao sol só uma de manhãzinha
os passos marcados na areia limpa e fria
e os abraços saborosos a cheirar a maresia
sem quê nem porquê entre conversas e risadas
e a espuma branca estendida na areia brilhante de sol e luz
recortado de branco na falésia o bar a varandinha
recortado de branco na falésia o bar a varandinha
cheiinho de pôr-do-sol e a saudade a saudade do mar
e do verão e da areia por ali sempre a pairar
como as gaivotas frente às janelas a voar
contra o vento devagar...
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Friday, August 20, 2010
Templos do séc. XXI - exposição em Barcelona
Próximo sábado, 21 de Agosto, em exposição "Templos do século XXI" com uma das minhas fotos.
A exibição está patente ao público no espaço de arte "The Changito" em Barcelona das 17 às 21 h
Ler mais: http://maniadasfotos.blogspot.com/#ixzz0x9IuHuv9
Under Creative Commons License: Attribution
A exibição está patente ao público no espaço de arte "The Changito" em Barcelona das 17 às 21 h
Ler mais: http://maniadasfotos.blogspot.com/#ixzz0x9IuHuv9
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Saturday, July 31, 2010
GUARDA a cidade mais alta portugal

na bubok.pt veja o meu livro em destaque
https://www.bubok.pt/tienda/ofertas
e a minha página http://alexapinto.bubok.pt/
Boas Férias...
eu vou ali ... e volto daqui a nada
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Monday, July 19, 2010
Thursday, July 08, 2010
Tarde de Verão
no final da tarde escaldante
nem um fio de vento
suaviza o ar quente
---
os pássaros inquietos esvoaçam
de lado para lado num chilrear infantil
as árvores quietas as folhas paradas-
---
as flores das amoreiras-silvestres
espraiam-se à sombra rosadas discretas
- outro dia colheremos amoras -
e o perfume das tílias dança pelos caminhos
---
a mulher grávida caminha à beira do lago
as rosas perfeitas sorveram o orvalho
de manhãzinha e suspiram pela noite...
Wednesday, June 30, 2010
Momentos
Do meio do feno cortado
escapuliu-se uma cobra
para a estrada onde sobra
metade do réptil estatelado,
trespassou-me um arrepio
vindo da memória do princípio
sem fim dos tempos bíblicos
pagãos, supersticiosos e míticos.
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verão
Saturday, June 26, 2010
Tarde de Verão
Wednesday, June 09, 2010
Sob a chuva
chuva no parque
o parque só para mim
os pássaros em voo rasante sobre o lago
reflectem-se na água
enlouqueço a correr em semi-círculos
de braços abertos
e guarda-chuva no ar
caminho nas poças sem a minha mãe protestar
as rãs saltam
a chocalhar no ribeiro
passa o vento suavemente
das folhas caem gotas
flores e folhas inclinadas em reverência
o rosmaninho as giestas as papoilas
as cores vivas das gotas
regresso leve sob a chuva
o coração enfeitado de rosas
e o cabelo molhado.
Tuesday, June 08, 2010
Jarmelo
Wednesday, May 26, 2010
Monday, May 24, 2010
Wednesday, May 12, 2010
Pesadelos
Cortem-me estas amarras
que me pesam
me prendem
a pesadelos e demónios
a vaguear na escuridão
das noites negras:
nem as cigarras
posso ouvir
nem sei colher
o pequeno malmequer
do outro lado
do arame farpado
com este aperto
no peito que me tolhe;
enquanto caminho
a destropeçar de pedra
em pedra,
sinto uns passos,
volto-me de repente,
vejo-me sombra
da minha sombra,
um restolhar de folhas
mais nada nem ninguém...
Monday, May 03, 2010
Milagre
Chego de manhã
à varanda
espreito a terra
a planta a rasgar
o torrão escuro
sobe devagarzinho
em direcção ao céu
ao sol às estrelas
cada dia cresce
mais um bocadinho
agora desvenda
a cor da flor
mantém-se ainda
escondida num véu
amanhã talvez
talvez o milagre
e a flor rasga
lentamente
o fino tecido
sai uma pétala
do invólucro
como uma pena
de pintainho amarelo
como uma asa
de borboleta
amanhã talvez...
à noite voltei atrás
antes de me ir deitar
fui espiar
a flor à varanda:
às escondidas
nas hastes compridas
surgira
esbelta e vaidosa
uma flor esplendorosa
sob as estrelas...
abro o coração
recolho o milagre
e a voz da cotovia
e, com a alegria
na alma, sonho!
Wednesday, April 28, 2010
À espera
Sunday, April 11, 2010
de quando em quando
de quando em quando
uma noite em branco
texto nas entrelinhas
sangue sem azul
dias desiguais
pássaros a despropósito
pensamento insólito
parêntesis no sol
viagem para sul
conversa fiada
passo em falso
capela entre vinhas
flores nos laranjais
o silêncio nas fontes
um vão de escada
a varanda para o rio
alma penada
o ninho vadio
a água da nascente
a enchente
a passagem na ponte
o vinho e o poeta
a porta aberta
a portagem
a estrada
de quando em quando
a viagem
o saltimbanco
o salto
de quando em quando
o sobressalto...
Saturday, March 27, 2010
Vazio
Wednesday, March 17, 2010
Incerteza
Sunday, March 14, 2010
F.
... ... ... ... ... ... ... ...
Levantaste-te da mesa apenas para ir lá fora fumar o último cigarro.
É isso que eu quero crer.
(Não voltaste.
Partiste.
Num domingo cinzento.)
excerto/final de um texto a recordar a minha amiga F.
e que vou guardar para mim.
Levantaste-te da mesa apenas para ir lá fora fumar o último cigarro.
É isso que eu quero crer.
(Não voltaste.
Partiste.
Num domingo cinzento.)
excerto/final de um texto a recordar a minha amiga F.
e que vou guardar para mim.
Monday, February 22, 2010
Passados
o velho arrastou os pés
com uma mão no peito
através
do caminho estreito
afastando as silvas
tropeçando
nos arbustos invasores
até à casa dos bisavós,
a casa em ruínas
as paredes ainda de pé
abrigavam árvores novas,
o sobreiro antigo engrossou
a figueira velha medrou
a videira apoiada ao choupo
mirrou
de tristeza entre devoradores
trágicos dos miasmas
de antepassados fantasmas;
o velho encostou o corpo
à parede
estendeu as mãos, quis rodear
todas as vidas passadas,
o tempo escorreu-lhe
entre os braços,
as vidas passam
tão depressa,
ainda ontem saí desta casa
cheia de gente
à procura do mundo,
agora regressei
e já não encontrei
ninguém...
o telhado há muito caiu
ruiu
a chaminé, na pedra do lar
na cozinha de terra batida
nem as marcas das cinzas
vingaram...
o velho lançou um olhar
ao sobreiro que restou,
à figueira, ao choupo preso à videira,
retrocedeu mais encurvado
pelo caminho estreito
a mão no peito,
a reter as lágrimas na garganta,
o tempo corre danado
como torrente
indomável ...
com uma mão no peito
através
do caminho estreito
afastando as silvas
tropeçando
nos arbustos invasores
até à casa dos bisavós,
a casa em ruínas
as paredes ainda de pé
abrigavam árvores novas,
o sobreiro antigo engrossou
a figueira velha medrou
a videira apoiada ao choupo
mirrou
de tristeza entre devoradores
trágicos dos miasmas
de antepassados fantasmas;
o velho encostou o corpo
à parede
estendeu as mãos, quis rodear
todas as vidas passadas,
o tempo escorreu-lhe
entre os braços,
as vidas passam
tão depressa,
ainda ontem saí desta casa
cheia de gente
à procura do mundo,
agora regressei
e já não encontrei
ninguém...
o telhado há muito caiu
ruiu
a chaminé, na pedra do lar
na cozinha de terra batida
nem as marcas das cinzas
vingaram...
o velho lançou um olhar
ao sobreiro que restou,
à figueira, ao choupo preso à videira,
retrocedeu mais encurvado
pelo caminho estreito
a mão no peito,
a reter as lágrimas na garganta,
o tempo corre danado
como torrente
indomável ...
a mão no peito
pelo caminho estreito
arrimado
às lembranças,
as lágrimas
presas na voz,
a mão no peito
pelo caminho estreito...
Sunday, February 21, 2010
Cartas de amor
acende a lareira
aquece-me o coração de chuva
o comboio partiu dentro do horário
não sei em que dia de tempestade
esqueci-me de virar a folha do calendário
perdi o relógio, a hora, a sanidade
fiquei a arder nesta fogueira
de chama e sombra escura...
escrevo sem paragem
o tempo voltou atrás sem pressa nem vagar
anda desorientado em cartas dispersas de amor
nem sei se fui eu que as escrevi
de tanto tempo fugido e esquecido
aquela mulher não era eu na voragem
da paixão e da ausência num patamar
de outras vidas sem flores e sem cor
nem eras tu devo ter sonhado ou descrevi
esse ser e não ser sem nenhum sentido
só para constar de um romance desvairado
que não pode ter existido.
essas folhas de papel quadriculado
não fui eu que as escrevi
a caligrafia não é minha
nem é minha a vida dessas cartas
são papéis de um armário desarrumado
que encontrei em tempos e onde vi
a confusão romântica de gratas
memórias que a distância vai
embelezando ou destruindo
até ao esquecimento.
a chuva, não te esqueças da chuva
e acende a lareira
nem te esqueças dos papéis
lá no fundo do armário
vira a folha do calendário
e acende a lareira
trago o coração de chuva
muito frio
acende a lareira
o comboio já partiu
ficámos os dois com as velhas cartas nas mãos
lê essas cartas não são tuas nem minhas
são um romance antigo dos nossos avós
não te prendas
podes ficar preso nas malhas das palavras
e, se não voltas, fico para sempre à tua espera
à espera que acendas
outra vez este fogo
em dia de chuva...
ouves a música?
é a chuva ou o teu coração?
o meu não é, há muito que não sei dele!
acende a lareira...
aquece-me o coração de chuva
o comboio partiu dentro do horário
não sei em que dia de tempestade
esqueci-me de virar a folha do calendário
perdi o relógio, a hora, a sanidade
fiquei a arder nesta fogueira
de chama e sombra escura...
escrevo sem paragem
o tempo voltou atrás sem pressa nem vagar
anda desorientado em cartas dispersas de amor
nem sei se fui eu que as escrevi
de tanto tempo fugido e esquecido
aquela mulher não era eu na voragem
da paixão e da ausência num patamar
de outras vidas sem flores e sem cor
nem eras tu devo ter sonhado ou descrevi
esse ser e não ser sem nenhum sentido
só para constar de um romance desvairado
que não pode ter existido.
essas folhas de papel quadriculado
não fui eu que as escrevi
a caligrafia não é minha
nem é minha a vida dessas cartas
são papéis de um armário desarrumado
que encontrei em tempos e onde vi
a confusão romântica de gratas
memórias que a distância vai
embelezando ou destruindo
até ao esquecimento.
a chuva, não te esqueças da chuva
e acende a lareira
nem te esqueças dos papéis
lá no fundo do armário
vira a folha do calendário
e acende a lareira
trago o coração de chuva
muito frio
acende a lareira
o comboio já partiu
ficámos os dois com as velhas cartas nas mãos
lê essas cartas não são tuas nem minhas
são um romance antigo dos nossos avós
não te prendas
podes ficar preso nas malhas das palavras
e, se não voltas, fico para sempre à tua espera
à espera que acendas
outra vez este fogo
em dia de chuva...
ouves a música?
é a chuva ou o teu coração?
o meu não é, há muito que não sei dele!
acende a lareira...
Thursday, February 18, 2010
Barcelona
esta manhã
não descemos o carrer de radas
para ir à Calábria tomar um cortado
e comer uma ensaimada
contigo.
não te acompanhámos
no metro da linha verde
até à esquina de frame 25,
nem voltámos
sobre os nossos passos
nem subimos a encosta do parque Güell
assoberbadas pelo trabalho fantasioso
do arquitecto Gaudí,
nem desconstruímos com Picasso
os retratos
e os quadros
as pombas e as flores
numa bebedeira de azul rosa e absinto,
nem sequer nos abrigámos da chuva
na pastelaria ao canto do palácio do rei,
nem passámos na boquería
onde se almoça a filosofar
entre cheiros e cores.
não esperámos por ti
para comer os pintxos
ou beber un cava rosado.
esta manhã foste sozinha no metro da linha verde...
nós abrimos a casa da misericórdia
de Margarit
página trinta e nove
e lemos el vendedor de rosas
solitario y furtivo , con su ramo,
va a locales ncturnos en busca de parejas.
guardámos na agenda os bilhetes de metro
e dos museus
metemos as fotos nos álbuns digitais
e voltámos à rotina da nossa (in)segurança.
não me esqueci outra vez da máquina fotográfica
para te deixar à entrada da porta
um beijo rápido e muitos risos.
esta manhã
não descemos a rua
para ir tomar um café
e beber um sumo de laranja
contigo...
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Sunday, January 31, 2010
Sol de Inverno
não fui à missa das onze
nem a outra qualquer
recolhi-me no meu santuário
imaginário
e rezei ou nem sequer
isso, não é rezar
andar
pelo jardim
olhar
assim
espantada
cada árvore estilizada
sem folhas sem nada
só os galhos secos mirrados
aprumados
num céu de sol
azul de inverno.
onde se recolherão os pássaros
em árvores assim pasmadas?
Sunday, January 24, 2010
Baloiço
a miúda ri ao ritmo do baloiço
para cá e para lá
houve um baloiço à beira-mar
num tempo de verão e éramos pequenas
tão pequenas que quase me esqueci
dávamos-lhe balanço com força
esticávamos as pernas os pés
atirávamos a cabeça
e os ombros para trás
e baloiça que baloiça
o baloiço subia no ar
cada vez mais alto
dávamos-lhe balanço
parecia voar
os risos erguiam-se nas gargantas
batiam-se palmas
dávamos-lhe balanço
sem descanso
pernas esticadas
cabeça para trás
e muitos risos
subíamos alto
mais alto
do outro lado da barra
víamos o mar.
o pai empurra o baloiço
da miúda dá-lhe balanço
talvez um dia procure
sozinha alcançar lá do alto
o mar...
Sunday, January 17, 2010
Lar, doce lar
velhas e velhos
numa casa
arrumados
em frente
à televisão
chamam-lhes lares
a essas casas
onde as velhas e os velhos
inquinado o tempo
numa volta da vida
se arrumam
encurralados
à espera de vez
há uma lista
de nomes escritos
nuns papéis amarrotados
na (des)esperança de ocupar
o lugar
do passageiro que partir
primeiro
é uma sala de espera
onde aguardam
muito arrumados
a chamada
para o último comboio.
Wednesday, January 13, 2010
Caminhos
Saturday, January 02, 2010
Douro
choravam as lajes de xisto,
tristejavam cinzento as videiras
ajoujadas nas terras
roubadas à pedra,
o douro desatinava
em sangue de barro
entre as penedias,
verdes, as oliveiras
orlavam os socalcos,
a água descia nas levadas,
escorria dos montes
numa invernia sem nome,
um copo de vinho
sobre a toalha branca de linho
descobria sabores antigos
arrancados à profundeza
da história dos homens.
tristejavam cinzento as videiras
ajoujadas nas terras
roubadas à pedra,
o douro desatinava
em sangue de barro
entre as penedias,
verdes, as oliveiras
orlavam os socalcos,
a água descia nas levadas,
escorria dos montes
numa invernia sem nome,
um copo de vinho
sobre a toalha branca de linho
descobria sabores antigos
arrancados à profundeza
da história dos homens.
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