Uma vez era um ninho de amor e vida;
outro tempo, a noite chegou, escondida,
os homens desertaram, as aves fugiram;
dia a dia, as paredes murcharam e caíram
como folhas mortas num outono triste;
em cada pedra seca, o velho umbral,
à entrada da antiga porta, resiste;
o céu acomodou-se a esta moldura
improvisada, terna e intemporal;
passaram tempos e marés,
veio o império soberbo do betão,
arrancou árvores, tapou o sol,
escondeu o azul, cortou o coração:
e, agora, ao passar o umbral pasmado
daquela antiga porta, a parede crua
roubou a alma do lugar e do passado;
descubro, ainda alta, no azul-noite, a lua!
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8 comments:
rendadebilros
Que bela história sobre o passar do tempo! A parede roubou a alma do lugar mas deixou as pedras para contar a história.
bjs
Esperança
Chegou este tempo frio e escuro!
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...
O vento, esse, muda de direcção, mas está mais forte e, frio.
Beijinhos
Querida Renda
Belíssimas fotos para este passar do tempo (o meu corre!) por este umbrais que guardam memórias de quem os cruzou.
Beijos
pois é o tempo passaaaaaaaaaaa
e vemo-lo passar assim numa corrida, por uma fresta duma janela
a tua foto é muito gira!
está mais ferscote, é a mudança e o aviso do inverno que aí virá...
beijinhos
Então! Ainda a olhar a lua?
Aiaiai...
:)Beijos
Olá, Renda!
Apesar de uma espécie de implosão a roubar o espírito do lugar, o poema deixa-nos, "ainda alta, no azul-noite, a lua!"
Vejo nesta luz o aconchego-cenário do início do poema.
Boa noite
Então? ainda não vieste das ramblas?
Tás a preparar-te para amanhã?:)))
Que não te doa a voz...
Beijos
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