A minha Mãe
tem os dedos enrugados e os ossos dos dedos deformados …
quando olho as suas mãos com os dedos enrugados e tortos
lembro os momentos em que ainda sem eu saber, ela as gastava
se gastava nas hortas nas regas à volta das batatas das favas
lembro as manhãs as tardes geladas nos tanques das “nossas” casas
onde lavava a roupa na água fria cada vez mais fria
e as lareiras e as simples máquinas a petróleo e os fogões
e os tachos e as panelas num virote a toda a hora
e a máquina de costura singer e uma bainha por coser
e a solidão quotidiana e a dureza das horas a correr…
resgato dessa longínqua melancolia e rudeza
a presença do mar num desatino de água e de praia e sol
as garridas ervilhas-de-cheiro e corolas azuis sobre o muro
a lareira acesa, a neve a cair até toldar o entendimento
as laranjas, as frieiras, o pó de Maio, a carqueja,
as procissões, as flores atapetando o chão da rua,
os quintais , o comboio, as viagens de cestos e malas,
a casa dos avós num mundo de completo desprendimento,
tem os dedos enrugados e os ossos dos dedos deformados …
quando olho as suas mãos com os dedos enrugados e tortos
lembro os momentos em que ainda sem eu saber, ela as gastava
se gastava nas hortas nas regas à volta das batatas das favas
lembro as manhãs as tardes geladas nos tanques das “nossas” casas
onde lavava a roupa na água fria cada vez mais fria
e as lareiras e as simples máquinas a petróleo e os fogões
e os tachos e as panelas num virote a toda a hora
e a máquina de costura singer e uma bainha por coser
e a solidão quotidiana e a dureza das horas a correr…
resgato dessa longínqua melancolia e rudeza
a presença do mar num desatino de água e de praia e sol
as garridas ervilhas-de-cheiro e corolas azuis sobre o muro
a lareira acesa, a neve a cair até toldar o entendimento
as laranjas, as frieiras, o pó de Maio, a carqueja,
as procissões, as flores atapetando o chão da rua,
os quintais , o comboio, as viagens de cestos e malas,
a casa dos avós num mundo de completo desprendimento,
o Douro lá em baixo, o miradouro ds Gravotas,
as nêsperas, um pássaro ferido, os sonhos…
A minha Mãe
tem os dedos enrugados e os ossos dos dedos deformados:
foi assim que, ao lado do meu pai, Ela escreveu,
mal sabendo escrever, a vida dela e a nossa …
as nêsperas, um pássaro ferido, os sonhos…
A minha Mãe
tem os dedos enrugados e os ossos dos dedos deformados:
foi assim que, ao lado do meu pai, Ela escreveu,
mal sabendo escrever, a vida dela e a nossa …
19 comments:
muito linda a tua mãe, como a minha, como todas, como nós (?) também...
estou na holanda por uns dias, logo que possa e tenha tempo passarei para apanhar o teu desafio...
beijinhos grandes
Bela evocação! Abraço e (porque também é mãe) feliz dia da Mãe.
Em Domingo de Maio, desejo-te um feliz dia da Mãe, querida amiga.
Com mil beijinhos e um muito obrigada por seres quem és.
Bem Hajas!
Querida renda
Que linda mãe tem uma linda filha que também é uma linda mãe. Adoro a tua forma de escrever e o sentido humano que sempre trazem as tuas palavras.
Um abraço
Renda
A tua mãe é linda, amiga.
As nossas mães são as mais lindas de todas as mães, mesmo que já os dedos estejam torto...
Beijo amiga.
Feliz dia da mãe!
Querida Renda:
Que linda a tua mãe! Que linda a tua homenagem ao dia de todas as mães.
Fui ao Alentejo matar as saudades que tinha da minha.
Beijos
Beijinhos a duas lindas mães: a renda e respectiva mãe, minha "quase avó" ;)
Beijinhos!!
Catarina de Bragança
Amiga:
Passei para te deixar um abraço apertado e desejar um bom dia.
Beijinhos
Amiga rendadebilros
comoveram-me as suas palavras, porque a minha mãe, que já partiu há muito tempo (parece que foi ontem), também teria o tempo contado nos dedos das suas mãos e as histórias das mesmas canseiras.
um abraço de mãe para mãe
Esperança
Uma homenagem tão bonita como as mãos da tua mãe, escrevendo a vida.
Um beijo.
Renda,
não me esqueci do desafio...:)))
É o tempo amiga, é o tempo...
Beijos
É comovente e tão bonita, esta evocação da tua mãe. Ela é também bonita, e parece-se com a menina das trancinhas. Lembrei-me do 1º post teu que li, aqui no "que conversa". Era sobre a tua filha. A mesma ternura, o mesmo sentido de uma estirpe, de laços estreitos entre as mulheres de uma mesma família. Fiquei com uma frase de Saramago às voltas na memória: «...é a grande interminável conversa das mulheres (...) que segura o mundo na sua órbita»
Um beijo
Passei para te deixar um beijinho e aproveitei para reler este post onde a ternura tem a dimensão do infinito.
Bem hajas!
Renda, que mãe linda!
Fico a ver a minha mãe. E é bonito ver que é igual à da menina das rendas dos laçarotes e das tranças...
Bonito, Renda!
Um abraço
Renda, minha amiga!
Foi tudo resolvido à última da hora não tive tempo de te avisar.
Vou passar por aí perto, mas hei-de ir mais vezes...prometo.:)
Beijinhos e bom fim de semana.
Falaste da tua e parecia estar a ver a minha.
Bom fds!
Um bom fim de semana.
Linda a foto de sua mãe, a minha também já foi linda, ainda é linda, um pouco mais cansada da vida com 80 anos.
O bom e que temos mães, filhas, e a vida continua
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