Thursday, July 17, 2008

Volta pelas praias


S. Martinho do Porto


vem lá de longe da infância


de começar a conhecer,


da noção de existir e ser,


vem de uma distância


até à Escola de laçarote,


de jogar como um rapazote,


de viver junto à desenhada


Concha inconfundível,


de nos escapulirmos a correr


para nos espantarmos


com a recém-chegada TV,


dos banhos no mar no Verão,


da praia a toda a hora,


do mar a entrar pela casa fora


no surpreso Inverno terrível,


os búzios, o cheiro a maresia,


o nascimento de uma irmã,


a praia vazia pela manhã,


a Mãe, tão jovem e linda,


um cágado no jardim, o perfume


das ervilhas de cheiro ainda,


as corda-de-viola ou campainhas


a saltar por todos os muros,


as mulheres de negro


noite dentro à espera


dos pescadores, homens,


filhos e irmãos, amigos,


em presságios cruéis e duros,


como estátuas doloridas,


a irmã cortou-se num pé


não pode andar,


está sentada, sossegada,


numa cadeira


e eu, à sua beira,


leio a história do José


do Egipto de fio a pavio,


o mar a marulhar,


em música de fundo.






2 comments:

Carminda Pinho said...

Olha a Renda com a mana, de mãos dadas. Tão lindinhas.
Voltaste atrás aos anos 50, as memórias e as saudades, sentem-se aqui neste texto poemado.
Tão lindo quanto simples.
Beijos amiga.

gaivota said...

olá renda... anos 50 também meus...
tenho fotos assim, com os meus irmãos, em s. martinho e aqui na nazaré, mesmo na areia, vestidos à moda da praia...
um poema de memórias e de outros tempos, idos...
beijinhos