S. Martinho do Porto
vem lá de longe da infância
de começar a conhecer,
da noção de existir e ser,
vem de uma distância
até à Escola de laçarote,
de jogar como um rapazote,
de viver junto à desenhada
Concha inconfundível,
de nos escapulirmos a correr
para nos espantarmos
com a recém-chegada TV,
dos banhos no mar no Verão,
da praia a toda a hora,
do mar a entrar pela casa fora
no surpreso Inverno terrível,
os búzios, o cheiro a maresia,
o nascimento de uma irmã,
a praia vazia pela manhã,
a Mãe, tão jovem e linda,
um cágado no jardim, o perfume
das ervilhas de cheiro ainda,
as corda-de-viola ou campainhas
a saltar por todos os muros,
as mulheres de negro
noite dentro à espera
dos pescadores, homens,
filhos e irmãos, amigos,
em presságios cruéis e duros,
como estátuas doloridas,
a irmã cortou-se num pé
não pode andar,
está sentada, sossegada,
numa cadeira
e eu, à sua beira,
leio a história do José
do Egipto de fio a pavio,
o mar a marulhar,
em música de fundo.
2 comments:
Olha a Renda com a mana, de mãos dadas. Tão lindinhas.
Voltaste atrás aos anos 50, as memórias e as saudades, sentem-se aqui neste texto poemado.
Tão lindo quanto simples.
Beijos amiga.
olá renda... anos 50 também meus...
tenho fotos assim, com os meus irmãos, em s. martinho e aqui na nazaré, mesmo na areia, vestidos à moda da praia...
um poema de memórias e de outros tempos, idos...
beijinhos
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