Tuesday, December 05, 2006

Mar


A noite apoderou-se da tarde , sorrateira , ali, num momento, junto às ondas do mar a quebrarem naturalmente na areia da praia.
Quedámo-nos sentidamente na varanda dos pensamentos em recolhimento, numa oração inabitual em honra dos deuses que conceberam estes instantes. Só para mim. Mesmo que apenas tenha restado desse tempo, no início da noite, sobre o tabuleiro, um artístico ramo de rosas. Inventado para mim.

O mar quebra e requebra em ondas, som e espuma. Os grãos de areia, indiferentes, desprende-se da sola dos sapatos.

Uma televisão continua a falucar uma linguagem monótona, incompreensível e desatenta, marcando um sono passado pelas brasas. Um telemóvel choca a calma semi-silenciosa com palavras de longe.

E o mar quebra e requebra, enfeitiçado, em espuma sobre a areia da praia.

3 comments:

Jorge P. Guedes said...

A indiferença do mar ao que o rodeia, marcando o compasso do tempo em sons de areia e espuma.
Um interminável rumor de repetidas viagens no vai-e-vem da maré.
E ao longe o soar difuso da realidade.
Não me acordem. Quero voar com o vento, sobre este mar.

Parabéns pelo texto produzido.

um abraço
Jorge g

vareira said...

E o mar aqui ao meu lado...e eu a partilhar as tuas palavras , bebendo-as em tua homenagem...

A Professorinha said...

Adoro, amo, venero o mar. É com ele que 'falo' quando preciso esvaziar a minha alma...

Beijos