o corpo possuído de um torpor
a cabeça cheia de fantasias:
três meninas
dormindo a sesta
à sombra dos canaviais
o silêncio silenciado
rumorejam as folhas
longas nos milheirais
em sussurro segredado
a música das rãs e das relas
ao longe nas quelhas
sobem os pés de feijão
pelos caules do milho
cantarolando pelas levadas
chegam as águas apressadas
às plantas sequiosas
veio o avô à frente
enxada na mão
compondo os torrões
abrindo ou fechando o caminho
aproximam-se os passos
os socos de madeira calando na terra
ecoando na pedra
soluçam as folhas dos canaviais
cheira a calor e a malvasia
as três meninas acordam da sesta
chega a voz da avó
em requebros musicais
a chamar por elas
e tudo acorda
- as folhas do milho,
as canas a baloiçar,
as águas ligeiras,
as uvas, os figos,
o avô segue numa canseira,
a avó à espera,
as meninas escondidas
em grandes risadas
caladas -
tudo acorda numa festa
de Verão!...
ah quem dera
não fosse ilusão!
.......
o corpo possuído de um torpor
a cabeça cheia de fantasias:
a cabeça cheia de fantasias:
por estes dias
andam três meninas
a rir entre os canaviais
e os avós
a vigiar!
2 comments:
As saudades, levam-nos a viajar no tempo.
Sonhamos acordados, tempos idos. Mas que se perpetuam na nossa memória.
Beijos
Querida Renda:
Sonhar acordada e relembrar os Verões de brincar!
Rendinha o milho e as cans e os regos da água que cantarola enquanto três meninas veladas pelos avós dormem a sesta.
Adorei!
Beijos
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