Sunday, January 06, 2008

a menina do shopping

... a menina do shopping
não sabe se chove se faz sol
se está frio ou calor
( a luz ali é sempre igual
sem brilho, artificial)
está apenas deserta
por dois dedos de conversa
enquanto embrulha a alma
em papel dourado
e laço bem apertado
nas prendas de outros
num horário todo trocado...

8 comments:

zef said...

Gosto desta menina "deserta por dois dedos de conversa".
E o embrulhar da alma!...Merece os nossos sorrisos, a menina e a Renda também!
Um abraço, Renda

Andreia said...

A menos que trabalhe num forum como o de viseu numa daquelas lojas viradas para o rio! lol

Isamar said...

Acredito que esteja deserta por dois dedos de conversa. que stress! A falta de luz natural aflige-me.
Em dia de Reis venho desejar que recebas os presentinhos que todos desejamos: Saúde, Alegria, Amor, Amizade....

Beijinhossss

Carminda Pinho said...

É assim que muitos dos nossos jovens ganham a vida. Enfiados de manhã à noite, nos Centros Comerciais, sem sol, sem ar puro, sem outro futuro.

Beijinhos

Anonymous said...

a menina do shopping sabe o dia do relógio
não sabe o calor de sol
não sabe o cheiro de chuva

a menina do shopping sabe bem que há graus na sombra, que são sempre os mesmos graus que vêm de vários sóis que se chamam mitsubishi

a menina do shopping não sabe que há outro dia

a menina do shopping sabe bem que a luz é lâmpada e vem do quadro geral.

vareira said...

A menina do shopping não sabe a que sabe a nortada à beira mar...

Madalena said...

Pois é, normalmente nem reparamos nisso, e só o notámos quando algumas funcionárias das lojas perguntam como está o tempo! Para quem se levanta cedo para deitar tarde deve ter mesmo o horário todo trocado...

Madalena

Kaotica said...

A "rapariguinha do Shopping", como lhe chamou o Carlos Tê, está a enraizar-se no nosso imaginário. Dentro em breve não haverá mais poemas ao homem das castanhas, nem à varina, nem ao pescador. Os novos tipos profissionais são a menina do shopping, a caixa de supermercado (licenciada), o operador de call center, lixado e mal pago. Ainda assim, resta-nos a permanência da poesia.

Um abraço