Sunday, November 13, 2011

Asfixia

ouvi farfalhar
talvez a fuligem despresa das paredes da chaminé
um rumor
talvez a fuligem caindo das paredes da chaminé
um baque surdo
talvez a fuligem solta das paredes da chaminé


gritos presos nas asas agonizantes de susto
a agonia da prisão
o clamor
um pássaro negro de fuligem
no estertor
da escuridão


a asfixia
o coração encurralado


abram essa janela
deixem entrar o ar
o sol, o calor,
a liberdade


vai o pássaro em agonia
quase se estilhaça
contra o desespero da vidraça
corrige o rumo

fora, desata num voo livre, recto, forte
longe, longe

2 comments:

zef said...

Gosto, Renda. Sobretudo da quase obsessão de "talvez a fuligem...", em espaço fechado, em contraponto com o voo livre, porque conquistado, do pássaro.
Umabraço

tangerina said...

nós, os pássaros como o pássaro, vamos bater até sangrar contra portas fechadas e opacas, exigindo a luz e os espaços ...