Tuesday, September 06, 2011

Vidas

a neta
sem certeza era a neta
acompanha o avô
deixa-o à entrada,
em passadas trôpegas
seguras
compra o jornal
dirige-se a uma mesa
senta-se de óculos grossos
e lupa
lentamente como quem mede
cada gesto como quem pensa
cada segundo
estende a mão, hesita, segue,
pára, segue, puxa o jornal
como quem viu passar depressa
o passado e quer agora
segurar um pouco mais o tempo,
pressente o café na chávena.

O comboio parte. São dez e quarenta.

1 comment:

gaivota said...

e assim se "segura" o tempo...
lindo, alexa, lindo!
beijinhos