o som do sino
um longínquo sinal
chega de uma igreja
que não sei
ouço os pássaros
não os vejo
apenas os entre-sonho
nos ramos gotejados
da chuva matinal.
o homem de chapéu
na cabeça quedou
sentado inclinado
no banco de pedra
leva as mãos ao rosto
(cansado do caminho que fez
ou do que tem para andar?);
páro o olhar nas gotas
caídas pelas folhas
e flores, olho outra vez
e o homem já abandonou
o momentâneo lugar
de paragem.
à passagem,
meto na boca duas
amoras maduras;
sento-me no chão lento
de palha amarela,
não quero espantar
o pássaro pousado
no galho mais alto;
sigo o céu cinzento
que amanhã não
será mais igual,
amanhã volto contigo!
sem me esconder,
roubo rosas e pássaros
para pôr nas fotografias.
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