Thursday, August 31, 2006

Era domingo!!!






















Despediram-se devagarinho das ruas que tinham sido o seu " pueblo" por aqueles dias em que já tinham o seu sítio para o café do meio da manhã e para um copo de final de noite... como velhos conhecidos e meteram-se por estrada em ziguezague em direcção à fronteira e Bragança...
Passaram por França, já em Portugal, rindo da curiosidade e alguém lembrou um documentário sobre emigração para justificar tal desacerto na toponímia.
E as pessoas não querem acreditar, mas é verdade: Tínhamos saído dias antes de casa direitinhos a Sanábria e chegámos sem dificuldade ao exacto local onde íamos pernoitar. Em Bragança, já andámos às voltas para encontrar uma indicação com a saída para Vinhais e acabámos por ter que perguntar que não havia meio de encontrar uma informação. Esta ida a Vinhais estava prevista no roteiro tipo roteiro da saudade. Já lá tínhamos ido anos antes , mas foi aquela cena de levar uma máquina fotográfica avariada e , portanto, deu-se aquela situação de chegar ao fotógrafo e ficar com cara de parva tal como a outra em que a máquina não tinha rolo... Num e noutro caso, é muitas vezes grande o desgosto, porque nem sempre se pode voltar ao mesmo lugar e, de qualquer modo, já nunca se repetem as situações...
Fomos a Vinhais: etapa de uma vida nómada de há muitos anos , tantos que aquele concelho parece ter parado no tempo e eu já não tenho propriamente nem dez nem doze anos... dali só se volta a sair pelo mesmo caminho, às curvas e contracurvas por Bragança.
Parada, estúpida de saudade dos jogos do ringue em frente ao colégio ( Externato) e dos joelhos esfolados e lavados das areias no fontanário que continua tal e qual, dirigimo-nos a um residente a pedir a informação desejada com um nome e , na minha memória, o retrato de uma jovem com uma trança espectacular . O homem agarrou no carro dele e seguimo-lo. Aí chegados, verificada a identidade da pessoa procurada, já nos despedíamos do senhor " não, não, eu agora entro e bebo um copo" . Estávamos literalmente a viajar no tempo, naquele tempo das portas abertas e do "entre quem é" que eu já escondera no recôndito da lembrança... E , nós a medo que o dono da casa fora chamar a mulher, instados a entrar pelo vizinho que se sentou tão à vontade como se a casa fosse dele e não saíamos ainda do nosso espanto, chegou ela, a menina da trança, afinal agora ela mais baixa que eu, e já sem trança, mas com um abraço que atravessou décadas sem nenhuma barreira a não ser a das circunstâncias da vida... para desfiar memórias de crianças...
Foi breve o encontro, porque era a viagem de regresso das férias ( enfim!!!tinha que ser , não é? ) e havia outro encontro pelo caminho... Breve, mas rico...
Antes de partirmos do "regresso ao passado", o F. ofereceu-nos dois lindos botões de rosa. Estão ali entre as páginas de um dicionário...

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