depois da tempestade escorre subterrânea a água, a terra respira saciedade, os pássaros voam em bandos eufóricos da bonança, as pedras magoadas de granito cinzento, o lago quieto hoje espelha árvores ao contrário.
andavam empurrados por fortes ventanias de terra em terra; de quando em quando, em momentos de acalmias, ainda lhes tremiam as pernas de lutar contra os vento desorientados, encontravam um lugar momentâneo e abrigado dos ares furiosos e das neves; sabiam que não era para sempre, amarravam as árvores ao chão para não voarem à procura de uma nesga de céu, quando se adivinhava vendaval; não sentiam compreensão naquela viagem sem destino, sem levar objectos nem amigos, não havia tempo de os guardar, eram para eles um sonho fugaz; um dia, cada um, por cansaço ou escolha, encontraram a paz num canto e sentem prazer em ficar mais e mais, embora a alma de nómadas de antigamente continue inquieta; então, fogem através das montanhas sem pensar, sem ventos nem tempestades, e procuram o mar; depois, regressam, não sabem se é para ficar.