Tuesday, November 11, 2008

Eu decido - parte I


pois quero ser eu
a escolher a hora
da partida,

quero uma manhã serena
com vontade imensa
um desejo intenso
de fazer gazeta,
ir até ao parque
declamar por inteiro
a Nau Catrineta:
o afoito marinheiro
sobe ao tope real
num banco de pedra,
afirma-se bem:
vê terras de Espanha
e areias de Portugal,

imagina-se uma Infanta
com três filhas à espera
debaixo de plátanos
de um fingido laranjal,

e, Garrinchas, pelo Natal,
inventa uma consoada
pueril e abençoada,
no cimo da colina nevada,
junto à ermida solitária,
não se abre a montanha
à voz de “abre-te, Sésamo”,
mas a imaginação pode tudo
e os montes, num murmúrio,
desvendam lendas e fábulas,
e, nos vinhedos, uma mãe
faz a trança à filha,
muitas lembranças boas
( lembranças más,
quem as quer agitar
neste momento?)
dispersas pelas paredes
que atravessam as portas
e partem soltas, livres, à toa
pelas encostas perto da torre
num castelo de antigamente,
nem Ítaca, nem Tróia,
nem descida ao Inferno,
nem impiedoso Inverno,
apenas outro caminho,
apenas outras viagens,
novas encruzilhadas…

3 comments:

gaivota said...

então sejas bem aparecida! correu tudo bem lá pelas bandas das tuas férias???
e na nau catrineta chegaste ao teu cantinho...
beijinhos

Carminda Pinho said...

Pera aí, Renda...fiquei com as lentes enevoadas e não consigo escrever...eu volto amiga.
Fogo! Mas que raio...acho que estou constipada, ou alérgica...

Beijos

Anonymous said...

Nem as equações, nem a geometria, nem os reis nos seus castelos têm tanta beleza como a literatura que nos povoa os sonhos.