Saturday, May 31, 2008

Um pássaro


Um pássaro
camuflado
sorridente
quieto
entre a primavera...
...
uma nuvem cresce
negra no céu aterrado
por trovoada estridente
sobre o telhado...
...
em orgasmo diluviano
rebenta a escuridão
em chuva e granizo
descendo a rua
em cachão...
...
o pássaro pressentiu o perigo
e sem aviso
procurou abrigo.
Não sei onde.

Saturday, May 24, 2008

Maio



Um som ...
como grãos de milho
a cair sobre o lajedo da eira!
Olhei:
pérolas brancas de granizo
saltitam sobre a calçada!
Em volta, explode
uma girândola de cores
em rosmaninho e alfazema,
numa embriaguez de água
e, planando no céu
rodando sobre a terra
voa um peneireiro
enfeitiçado!

Seis ódios de estimação

Desafia-me o Nuno R. ( no link nunoresende) do OBLIVIÁRIO a apontar 6 ódios ( “não-amores”) de estimação/pequenos ódios/ódios de estimação.
Aí ficam numa penada para não pensar muito neles que trazem fluidos negativos.

1. o poder dos governantes ( em particular, quando se esquecem das pessoas que os elegeram , aliás, logo que tomam o poder e esquecem tudo o resto);
2. o poder dos fracos ( quando chegam a ter algum esporádico poder);
3. o trio maravilha do ME ( humilhou – e continua – os professores que tutela como nunca ninguém fez publica e repetidamente a nenhum profissional; só percebi realmente o que era ódio, quando fui confrontada sucessivamente com a desfaçatez e despautério deste ME!)
4. a má educação ;
5. a ingratidão/ a traição;
6. a inveja ( aquele sentimento “tão português” – não é a saudade, não! - dos portugueses que nem fazem nem deixam fazer e, se alguém se atreve a fazer, são demolidores nas críticas!) / a hipocrisia.

E mais fica por dizer…

Espero que alguém tenha paciência para seguir a corrente de entre os nomes que indico. Como sempre, com plena liberdade de não “seguir a corrente” que faz sempre bem à alma. ( bem quero poupar algumas pessoas... mas sempre repito ... desculpem! )

Carminda ( Fórum cidadania)
Catarina de Bragança
Kalinka
Kaotica
Papoila
Save by bell

Thursday, May 15, 2008

Mensagem brevíssima


Magiquei tantos dias à procura de uma prenda original, uma surpresa...

Agora, a prenda chegou. Recebeste-a e ficaste feliz.

Hoje não preciso de saber mais nada: e fiquei sem palavras!

Sunday, May 11, 2008

Oração

Nas serranias
verde
tudo verde
e o coração
feito de amarelo-flor-de-giesta;
no vale
verde
tudo verde
salpicado
de vermelho-cereja;
lugares
onde a alma
se ergue
em oração...

Sunday, May 04, 2008

A Minha Mãe


A minha Mãe
tem os dedos enrugados e os ossos dos dedos deformados …
quando olho as suas mãos com os dedos enrugados e tortos
lembro os momentos em que ainda sem eu saber, ela as gastava
se gastava nas hortas nas regas à volta das batatas das favas
lembro as manhãs as tardes geladas nos tanques das “nossas” casas
onde lavava a roupa na água fria cada vez mais fria
e as lareiras e as simples máquinas a petróleo e os fogões
e os tachos e as panelas num virote a toda a hora
e a máquina de costura singer e uma bainha por coser
e a solidão quotidiana e a dureza das horas a correr…
resgato dessa longínqua melancolia e rudeza
a presença do mar num desatino de água e de praia e sol
as garridas ervilhas-de-cheiro e corolas azuis sobre o muro
a lareira acesa, a neve a cair até toldar o entendimento
as laranjas, as frieiras, o pó de Maio, a carqueja,
as procissões, as flores atapetando o chão da rua,
os quintais , o comboio, as viagens de cestos e malas,
a casa dos avós num mundo de completo desprendimento,
o Douro lá em baixo, o miradouro ds Gravotas,
as nêsperas, um pássaro ferido, os sonhos…
A minha Mãe
tem os dedos enrugados e os ossos dos dedos deformados:
foi assim que, ao lado do meu pai, Ela escreveu,
mal sabendo escrever, a vida dela e a nossa …

Saturday, May 03, 2008

6 coisas que não me importam

Convidada por SAVE by BELL a indicar "6 coisas que não me importam" e a passar a corrente a 6 outros bloguistas, uma pessoa fica assim tipo em choque… porque a inspiração para pensar não anda lá assim muito famosa. Mas por amizade…

E um desafio destes assim de repente… há tanta coisa de que não quero saber… podia copiar, mas já não tinha tanta graça…

Telemóvel – não me importa nada , ( eu sei, não me gritem , não é nada normal!!!) fica em casa , calmo, sossegado, a maior parte das vezes, desligado e só adquire importância para receber um toque da Princesa… mas tem a importância de um telefone fixo… o pobre!!!

Maquilhagem – maquillage ( muito mais suave em francês) – não tenho paciência, nem tempo, nem jeito… o que , se calhar , é mau , visto que , muitas vezes, podia disfarçar o ar de espanto ou de desilusão em certas circunstâncias, para já não falar, do ar doentio, por não ter dormido bem ou de fastio, quando andamos mesmo sem pachorra…

Cerveja – não me importa mesmo nada, porque não gosto do sabor nem do cheiro… olho para o ar embevecido e satisfeito com que muitos pegam naquele copo diferente ou numa caneca desse líquido, por acaso, lindo e amarelo-aveia, numa esplanada no Verão e não quero mesmo saber. A única vez que me atrevi a provar uma coisa que tinha cerveja foi na fábrica da Kronenbourg, em Estrasburgo e andei com azia o dia seguinte inteiro. Valeu-me a O. que ia prevenida com umas pastilhas para esse efeito… da azia. Inclino-me mais para um bom vinho do Douro e uma “Quinta das Pedras” ( Alvarinho) não me dá nem uma aziazinha pequenina nem nada…

O que os outros dizem – como dizem nuestros hermanos, “quem se importa com a vida alheia, não tem a sua vida cheia” !!! Eu quero lá saber… além do mais, digam o que disserem, nunca ninguém me ajudou a resolver a minha vida… ( a família muuuuito chegada não está metida neste lote!)

Grandes vivendas, grandes máquinas, grandes manias – ainda por cima , custariam muito a limpar, a “alimentar” e a manter… pois, se calhar sou parva, quereria dizer que era multimilionária e tinha muita gente a trabalhar para ter tudo em ordem e até para me vestirem e “enjoiarem”, mas, como prezo a minha vida simples e pacata e privada… não dava jeito nenhum…

Cargos, honrarias, show-off – coisas supérfulas aliadas às anteriores, tudo me passou /passa ao lado sem nenhuma ralação nem inveja. Não estava no destino, no acaso, na escolha de quem pensa de forma independente e não quer nem sabe nem gosta de “engolir sapos”…

Se estiverem pelos ajustes, passo a palavra a:
Andreia do Flautim
Carminda (fórum-cidadania)
Gaivota
Papoila
Sophiamar
Vareira

Se cortarem a corrente, fiquem a saber que isso não tem problema nenhum… outra coisa que não importa…