Wednesday, May 31, 2006

Ressaca!!!............

Não me recompus da ressaca das novidades todas para o novo Estatuto da Carreira Docente e das declarações da Sra. Ministra...
Mantive-me sossegadinha num cantinho dos meus trinta e três anos de serviço, a pensar, a pensar , a pensar... como se fosse uma peça de mobiliário: valorizaram-me tanto ( não me tivesse valorizado eu própria já tinha apanhado umas tantas depressões!!!!!!) como àquelas antigas mesas de tampo inclinado de não sei que madeira maciça da biblioteca, onde era muito mais confortável ler um livro devido à postura que se mantinha ( parece que agora descobriram mesmo que esse plano inclinado evitava as tão faladas dislexias, pelo menos em alguns casos) ... foram substituídas por outras menos possantes, menos traumatizantes, redondas, como se as pessoas fossem para um lugar de leitura para ler em grupo... enfim, aquelas antigas mesas andam por lá perdidas encostadas às paredes de uma ou duas salas...um dia destes demos por nós a suspirar por elas... é quase como eu me sinto... encostada à parede encurralada...
A certa altura, no rosto um arzinho fresquito "equilibra" o calor de fim de mês de Maio e, como ainda esta manhã, estive a ler o artigo de Miguel Esteves Cardoso, a propósito da Primavera, exactamente, " A Primavera pede desculpa" no espaço da Revista Única do Expresso, de 20 de Maio de 2006, lembrei-me que lhe podia dizer que não é apenas ele que adora a Primavera, que ele podia ver as fotos das flores e das cerejas que aqui coloquei... pretensões tontas!!! quer dizer, é só para dizer que ele não está sozinho no seu apreço pela Primavera, não tem nada a ver com a sua estadia no hospital nem nada, a não ser que eu, que ando um bocado zonza com as notícias que por aí pairam a torto e a direito, também não ande bem da cabeça e sinceramente , acho que não ando nada bem... e cheira-me mesmo a Primavera!!! Mas ainda é Primavera, não é? Ou já não?
Creio que vou pedir aos meus alunos cuja aula é às quinze horas do dia do jogo Portugal- México ou vice-versa que se juntem aos da turma das dez horas ( mudamos a hora da aula como o Parlamento muda a hora das suas actividades) para depois estarmos livres para ver o jogo... se eu propusesse uma coisa destas , era porque estava maluca e porque os professores só se querem baldar, mas como são os deputados , 'tá tudo certo, tudo bem , tudo numa nice!!! Também não somos menos que os brasileiros e os alemães !!! Que rico país!!!E viva a Selecçom!!!
Recebi, por correio electrónico, uma foto linda de um jardim super-cuidado com as roseiras e sardinheiras muito floridas e todas elegantes... Afinal, ainda é Primavera!!!

Sunday, May 28, 2006

Com uma Ministra assim...

Está resolvido o problema: já se imaginava, mas agora temos a confirmação pela boca da Exma Senhora Ministra da Educação - é só ler as parangonas e a notícia do Jornal de Notícias que nunca é demais ...
«Demolidor. Esta foi a tónica do discurso da ministra da Educação na sessão de abertura do Debate Nacional sobre Educação, ontem, na Maia. Maria de Lurdes Rodrigues justificou o elevado insucesso escolar e a falta de qualificação dos alunos com críticas ao trabalho dos professores e ao funcionamento das escolas. Alguns docentes não gostaram e protestaram dentro e fora do auditório, exortando a governante a adoptar um discurso que respeite a sua dignidade profissional.Poucos esperariam que a ministra abrisse um ciclo de debates, que visa repensar o sistema educativo, com um ataque tão forte e directo aos professores e à organização das escolas. Já o tinha feito, no início do mês, em Oliveira de Azeméis. Na altura, lembrou que Ensino Secundário não pode continuar "a preparar alunos apenas para o acesso à universidade"Ontem, porém, foi mais longe, e foi sem rodeios que Maria de Lurdes Rodrigues justificou a pouca qualificação dos jovens com um trabalho - quer das escolas, quer dos professores - que "não se encontra ao serviço dos resultados e das aprendizagens".A governante lamentou que a escola não esteja a combater as desigualdades sociais. A título de exemplo, referiu-se à organização dos horários escolares que, segundo sublinhou, privilegia os alunos melhores, assim como filhos de funcionários das escolas."No conjunto de regras de funcionamento da escola tem de se lhe inscrever a preocupação com os resultados dos alunos, medidos quer na provas de aferição, que pela qualidade dos diplomas e das competências adquiridas pelos alunos", realçou. Maria de Lurdes Rodrigues criticou, ainda, a cultura profissional dos professores. Segundo disse, ela é marcada pela actualização dos conhecimentos científicos, mas "não é uma cultura em que os principais desafios sejam os resultados" . Por outro lado, lamentou que os professores trabalhem individualmente, e não com espírito de equipa. "As reuniões nas escolas são cumpridas apenas porque os normativos legais assim o mandam", sublinhou. Para explicar melhor onde falham os professores, a ministra da Educação comparou-os com os médicos.Assim, disse que, enquanto para estes últimos, "o desafio máximo é o caso pior e mais difícil do hospital", nas escolas a cultura profissional dos professores não os orienta para os casos mais difíceis. No seu entender, há uma aristocracia nas escolas que reserva os melhores alunos para os professores mais experientes, e os piores alunos para os professores mais novos na profissão. Em resposta, Paula Romão, presidente do Conselho Executivo da "Secundária" da Maia, recordou à ministra que um médico, colocado perante 30 doentes com patologias diferentes em simultâneo, teria dificuldade em escolher o caso pior. Por seu turno, Isabel Cruz, directora de um centro de formação de professores, criticou os ataques feitos pela governante à classe, cuja imagem utilizada - como referiu - faz do professor "um baldas, que não quer trabalhar". A docente exortou a ministra a dialogar mais com os professores e a deixar-se de "mandar recados pela Comunicação Social".
JN, 30/05/2006»
Dizia eu , está resolvido todo e qualquer problema do país. Os culpados estão identificados - os professores, esses malvados, incompetentes, malandros, faltistas ( anoto que estou a ser irónica antes que alguém pense, com a incapacidade que os seus professores tiveram em lhe incutir espírito crítico, - continuo a usar a ironia- que estou a falar em sentido literal) , que não fazem reuniões senão aquelas a que são obrigados por lei ( se fizessem uma por dia talvez fosse proveitoso para os seus alunos como o são as aulas de substituição ... deve passar por osmose o conhecimento) , não se preocupam com os alunos, enfim , não se preocupam com nada de nada ... A comparação com os médicos , então é uma pérola... Dizia eu - estou a repetir-me , não sei se a culpa foi dos meus professores todos , as professoras da Escola Primária de S. Martinho do Porto , as de Lagoaça, os Professores do Externato de Vinhais , os do Liceu Nacional de Bragança ( um período), os do Liceu Rainha Santa Isabel no Porto ( já não existe, eu sei , mas existiu, garanto !!!) e at last but not least todos os doutos PROFESSORES da faculdade de Letras de Coimbra ( olhem que isto é fina ironia!!!) - que o problema e os culpados identificados, basta mandá-los para Espanha... e importar os que se prepararam do lado de lá da fronteira "quebrada"...
Com uma tutela assim...
Entretanto, o senhor primeiro Ministro vai aparecer no telejornal com a Selecção Nacional de futebol, esses sim, façam o que fizerem são sempre os heróis...

Ainda estamos em Maio...


Exactamente, Maio! O céu veio carregado de cinzento claro e branco abafado num dia de temperaturas de Verão . As maias gritam de amarelo num campo de erva verde e alfazema. Umas ervilhas de cheiro cor de rosa trepam por um muro, esguias e espertas. Em S. Martinho do Porto , há décadas atrás, o perfume intenso das ervilhas de cheiro de cores impensáveis e variadas entravam pela Primavera dentro.
Há um jardim que vai ficar um mimo esta tarde!

Saturday, May 27, 2006

Caminhar

Não fui dar a minha voltinha à hora do costume , por causa do calor estival , mas, depois, as nuvens esconderam , pretenderam esconder o sol e eu achei que a temperatura estava óptima para caminhar! (Agora já não se diz passear, só caminhar- esta palavra implica, suponho, actividade, passear é de gente que não tem que fazer, então toda a gente faz a sua “caminhada” , ninguém dá um passeio…) Mas não estava, continua um calor de trovoada, espesso e irrespirável. Para cúmulo, embora ande a tentar minorar as marcas em bico e as riscas, resultado da exposição solar da semana passada, isto parece não ter conserto nenhum. Assim , ando numa angústia: não sei se devo cobrir o corpo todo desde a goela até às pontas das unhas, se andar “à Verão” toda fresca, correndo o risco de arranjar mais uma colecção de marcas tipo sol/sombra… Enfim , lá fui, mas não era eu a única, o que não sei se é bom se é mau, nas circunstâncias: à minha frente, um homem, a mulher e a vizinha. Não sei se andavam a conversar passeando se a caminhar conversando. Cada um com o telemóvel na mão, o que é fantástico… Fantástico não poderem prescindir do telemóvel enquanto vão ali e já voltam. Pus-me a pensar que assim é mais prático. Poupam o trabalho de ter que explicar por que razão não trazem com eles ou não têm telemóvel. Ninguém se convence que uma pessoa normal pode ter optado por não ter telemóvel. Como pode ter optado por passear em vez de caminhar. Pode ainda ter organizado tão bem a sua agenda profissional ou outra que tem tempo para tudo, em vez de andar em stresse , mas , nesses casos, também não é normal : Normal é querer fazer em 24 horas o que nunca se faria em setenta e duas horas para andar a correr e , como é de bom tom, dizer que não se tem tempo para nada, que nunca se senta para nada, que não pode esperar por isto ou aquilo, que , por isso mesmo, tem sempre desculpa para chegar com atraso a todo o lado… Também ninguém se convence que uma pessoa normal opte por não ter filhos ( claro que tudo se avoluma e as razões ainda são de um âmbito mais misterioso e escandaloso se se tratar de uma mulher, para os homens inventam-se muitas vezes razões mais nobres para os mesmos actos e atitudes) , opte por não casar, opte por não ter carro, opte por uma vida diferente e escolhas diferentes dos quase todos os nove milhões…daquele país com população igual a S. Paulo, Brasil…
Estas reflexões são produto do calor de trovoada: também ninguém me mandou andar a caminhar ( caminhar é a palavra do tempo da minha avó!!!) a uma hora destas, devo ter ficado com os miolos fritos… Para a próxima, vou antes passear mas pela fresca, e, se alguém se escandalizar por eu andar a passear em vez de caminhar, …continuo simplesmente a passear…

Monday, May 22, 2006

O "papão"

Em todas as épocas pairam sombras sobre os povos, como os “papões” com que os pais ( creio que eram mais as mães!!!) de antigamente ameaçavam as crianças que não comiam sopa: neste momento, como se não bastasse o aumento contínuo do preço do petróleo, um “papão” lançado ( muito provavelmente com razão) pela Comunicação Social – o petróleo vai mesmo desaparecer …

C'est la vie!!!

Fim de semana: viagem até perto da capital, “bênção das pastas” da I., o que me valeu uma insolação: estou com umas marcas lindas nos braços e decotes ( frente e costas) para ir até à praia… um dia destes e fazer um sucesso. Jantar em Lx, no sábado, com a pessoa do costume com conversas já ditas ao telemóvel mas que se recuperam para os pormenores e para acrescentar as nuances dos gestos e das expressões faciais e outros temas , livros, filmes, fotos, pessoas, selecção nacional, quer dizer a selecção, comidas, bebidas, férias, viagens, entre muitos mais temas de maneira que o tempo corre e é sempre curtinho…e depois, no domingo, umas voltas perdidas pela CREL e CRIL e portagens e mais portagens e mais um almoço, esse sim que me enche o coração, conversa sem parar entre garfadas de peixinho que faz tão bem e não engorda e um vinho ou um fino à maneira, a fingir que podia ser sexta-feira, como dizem os outros na cançoneta e que o fim de semana está apenas a começar… Do regresso à base nem se diz nada… que se diz a uma pessoa que está no Hospital e que parece não ir de lá sair tão cedo? “Que tal?” como se nada se passasse? “ Como está?” como se não soubéssemos que bem não pode estar!!! “ Está bom? “ que parece que estamos a gozar com as pessoas? Fica-se para ali sem jeito, a pessoa cansada de tudo, de não poder respirar bem , de tantos tratamentos, de não perceber bem. Sem comentários.
Hoje de manhã é que percebi que a insolação é que foi um disparate , porque o tempo aqui até arrefeceu , quer dizer, não foi o tempo que arrefeceu , acho que foi mais a temperatura que baixou…
A inspiração está atrofiada… C'est la vie!!!

Tuesday, May 09, 2006

Hoje não se trata de D. Sebastião!


A jornalista da Televisão espanhola anunciava a segunda parte de um debate: iria ser discutida a polémica sobre o Código Da Vinci de Dan Brown. Aproveitou para perguntar aos convidados daquela primeira parte, dedicada à política actual espanhola em 59 segundos ( que dá nome ao programa) cada intervenção uma opinião breve sobre o livro. Todos jornalistas, uns mais conservadores, outros mais PSOE ( partido socialista espanhol) , tudo ( seis) gente formada e informada. Pois apenas um tinha lido o livro, como se eu acreditasse numa coisa dessas, mas os cinco deram palpites rápidos, é certo, sobre o estilo do autor e sobre o conteúdo da obra. Aquele que ficou em minoria ( também se pode dizer minoria absoluta para dizer que ficou ali solito?) mostrou-se algo desconfortável por ter sido apanhado em falta ( ter lido o livro , que malandro!) , mas não pôde livrar-se de dizer duas palavras, com a desculpa esfarrapada de não o ter lido porque, precisamente hoje, saía numa revista e, com direito a capa, uma matéria da sua autoria sobre o assunto… E o homem até se divertiu a ler o livro. Aliás, não sei por que razão a Opus Dei e etc. andam tão enervados com este livro , livros afins e o filme que não tarda aí, se não se cansam de repetir que é uma obra de ficção… Que terá uma obra de ficção que faz andar tanta gente aos pulinhos nervosos? Há pessoas mesmo tacanhas, que não têm confiança nem fé ( que é tão usada para tanta barbaridade…! O que se tem feito pelos tempos e por esse mundo, à conta de uma fé , seja lá qual for!) nem em si próprias, o que nem admira nada: pessoas há que ainda acreditam que os judeus ( actuais) estão a sofrer, sofreram e hão-de sofrer não se sabe se até à eternidade, por tudo o que fizeram há … dois mil anos …??? Não sabem o que é tudo, mas deve ter sido terrível… E se se lhes diz que , mesmo que há dois mil ( ou antes?) tenham praticado esses actos tremendos de expiação sem fim à vista , Deus ( em que os Católicos acreditam!?) não pode ser, não é um Deus vingativo, é um Deus de Amor e de Perdão, respondem que Deus também é juiz… Neste ponto da conversa, uma pessoa tem que se desviar e ir arejar: assim não é possível discutir! se Deus é juiz e ainda está a castigar pessoas por actos de há dois mil anos, deve ter uma memória muito selectiva e faz uma justiça muito injusta… só castiga judeus, aqueles que, ainda para cúmulo, desde há tanto tempo, adoram um Deus único…e mais a descendência toda. Podia também aproveitar para castigar os povos todos anteriores a Cristo ( aqui é que está o busílis!!!???) que também não tinham crença nenhuma neste Deus-Juiz e até adoravam deuses , muitos deuses …Podia também lembrar-se de castigar os assassinos e todos os criminosos que se pavoneiam à face da terra como se nada … Já agora que castigasse apenas os criminosos e não alargasse o castigo aos filhos, aos netos, aos bisnetos, aos trinetos…durante gerações e gerações… Parece mais uma prática estalinista.
Nota final: Que terão feito os portugueses para viverem sempre em crise? Devem ter feito qualquer coisa…p’ra aí há mais de mil anos… digo eu!

Monday, May 08, 2006

......sim?...


Chegou uma encomenda pelo correio! Eu não chorei. Senti uns braços de filha-criança-mulher à minha volta tão bons , tão doces, tão quentes que o meu coração só se embaciou de emoção um bocadinho… e formou-se um nozinho na garganta que tive que respirar muito fundo para poder falar… quer dizer: estou a disfarçar de tão emocionada, porque mal pude dizer uma palavra…

D. Sebastião

Li um artigo no “ Público” sobre o D. Sebastião. E li-o com imensa vontade de rir. O fim de D. Sebastião foi demasiado trágico para dar vontade de rir. Mas este rei leva-me não só até Alcácer-Quibir que nem sei bem onde fica e até àqueles tempos de 1578 e às aulas de História da 4ª classe e às do Liceu (com aquela listinha de pretendentes ao trono que acabava por caber a um terrível Filipe vindo lá de Castela que parecia o fim do mundo e, afinal, o homem tinha todo o direito do mundo , mas não era isso que nos ensinavam) mas também à minha – dos tempos da Faculdade - amiga L. da Tocha. Amiga com quem partilhei casa, ou antes, ela é que partilhou a nossa , com quem estudei horas sem fim para os exames nas ruazinhas do Jardim Botânico, em Coimbra (Coimbra do Choupal ainda és capital…) , a quem perguntava as datas todas daquelas peripécias históricas que ela me relatava, com quem aprendi quase de cor os livros de História da Cultura Portuguesa , de tal maneira que , depois da frequência, fomos chamadas ao gabinete do Professor que ele pensava que tínhamos copiado…pelo livro e não uma pela outra… ( tínhamos pela casa frases completas e complexas daqueles pensadores que metemos na cabeça até hoje nem sei como) . Acompanhei-a na despedida do namorado (que havia de ser seu marido por um tal dia vinte e quatro de Dezembro e ainda hoje é) na Estação Velha e que , por esses tempos, partia para a Guiné. Ela ajudou-me a escolher o tecido para um casaco comprido , o primeiro que comprei com o meu próprio dinheiro, quando comecei a trabalhar… E tantas outras recordações vão desfilando no fio da memória… Conclusão: durante aqueles anos éramos quase inseparáveis e entendíamo-nos às mil maravilhas… Até que… ( claro que não foi este episódio que nos separou, a nossa vida é que tomou outros rumos , mas…) … até que… apareceu o D. Sebastião… dizendo melhor: ele não apareceu; ao que se sabe , ele foi para Alcácer-Quibir e nunca mais voltou. Mas, naquele dia, apareceu entre nós, meteu-se na nossa amizade, houve discussão e amuos… E a mim só me dá e só me deu vontade de rir: ela lá estava, com a sua inseparável lima a tratar das suas unhas, e pediu-me para lhe perguntar, como tantas vezes: “ Vê lá se eu já sei isto ( eu disse-lhe muitas vezes que também havia de ir fazer as frequências com ela , acabava por tirar dois cursos de uma vez…) “ e “isto” era aquela tragédia do D. Sebastião e ela a contar, a contar , a contar e eu a ler nos apontamentos que ela estava a dizer tudo certinho e eu a “ver” aquele jovem com a “flor” da nobreza e mais todos os outros a tombarem a eito naquela terra longínqua e a ver a ameaça dos Filipes e a perda independência … e não me contive: “o D. Sebastião era louco!” Eu não sei o que ela agora pensa do assunto, mas sei que, afinal, mesmo entre os estudiosos deste rei, uns acham que ele foi um herói, outros acham que ele foi um louco, embora eu perceba, neste tempo que nem tudo é preto ou branco, há sempre umas nuances, uns matizes, umas pressões de muitos lados e ele era novo e tal, e, quando uma pessoa é jovem comete muitas loucuras, embora não sejam tão radicais como as de Alcácer-Quibir, acho eu, mas , enfim , a minha opinião era legítima e , embora a ideia da liberdade de expressão ainda não estivesse afinada ( estava quase quase quase!!! ) , eu tinha todo o direito de ter aquela opinião. E eu, sinceramente… aquilo era só um comentário, tão simples, assim, de passagem , para aliviar aquela monotonia de estar a ouvir os seus esquemas e as suas anotações ditas em forma de texto oral, para despejar na frequência, achei que nem sequer ia merecer uma interrupção daquelas! uma interrupção? Uma excomunhão, ela ia-me excomungando … não sei de onde , talvez da História, do quarto, da casa, da vida dela possivelmente. Uma igorante era o que eu era, um rei assim com uma visão tão extraordinária ( tão extraordinária que ficou para lá morto! – bradava eu , depois de ter sido apanhada de surpresa por aquela enxurrada de epítetos, todos sinónimos de ignorante) , que queria expandir Portugal e porque assim e porque deixa e porque também. Então , achei aquilo ridículo : o reizinho, tão novo, tão enfeitadinho naquelas roupas do retrato , que nunca mais voltou da sua heróica façanha ( eu até gostava do retrato, ele até se cognominava “ O Desejado”, o que é muito bonito e achava um desperdício aquela morte e as outras tão estupidamente e até gostava das lendas, do mistério , as manhãs de nevoeiro) e nós ali a discutir como umas tontas … desatei a rir às gargalhadas , e ainda hoje , o D. Sebastião me dá vontade de rir, porque penso logo nele, neste episódio. Ela é que não achou piada nenhuma, expulsou-me do quarto ou eu é que me pus a andar, porque não tenho grande habilidade para discutir durante muito tempo… Durante uns dias, fui dispensada de lhe fazer perguntas sobre a matéria que ela continuava a estudar afincadamente.
Depois, voltou tudo ao normal: amigas como dantes.
Nunca mais se falou do D. Sebastião.

Ainda era O Dia da Mãe...

A mulher pequenina e decidida ajudava o marido a estacionar o carro. Ele berrava lá de dentro sem atinar com as voltas a dar ao volante. Se calhar já não tem idade nem paciência nem reflexos para conduzir… Saíram umas pessoas do café a acalmá-lo. Por fim, lá conseguiu estacionar. Entraram e dirigiram-se a uma mesa do restaurante. Ele , de idade de ser avô muito avô, lá da sua altura alta, insultava-a. Ela sorria, semi-escondida de vergonha da situação ou dele ou da vida ou de si…Pediram um prato de bacalhau. Engolimos um travo amargo com o café e saímos, cabisbaixos. Um dia destes, vai haver um acidente!

...Serpente, disse ela!

Lido entre o dia vinte e nove de Abril , (este de agorinha, do fim de semana de praia e sol e calma e mar e companhias especiais, Dia de Mãe e Dia de Filha unidos ambos num laçarote de prenda muito particular) e o dia 7 de Maio… Estas palavras ficam escritas à margem da obra de Faíza Hayat, “ O Evangelho segundo a Serpente”, autora descoberta ao ler a Revista Xis que acompanha o “Público” de sábado.

Sunday, May 07, 2006

Dia da Mãe outra vez ...


...porque o Dia da Mãe ( os brasileiros dizem Dia das Mães) é hoje e mais 365 dias ou 364 conforme os casos e das Filhas também... estas cerejas são em tua honra...

Dia da Mãe ( nº 2)


Logo de manhã, recebi um querido telefonema pelo Dia da Mãe nº 2… Lá por Torres Novas, duas meninas divertem-se a conhecer recantos de Portugal. Devíamos passar a fazer os registos dos nossos passeios com uma foto e anotações a acompanhar…tipo fichas de viagens ( não se fazem fichas de leitura? Pois então….) Adiante: uma pessoa fica com o dia cheio assim a ouvir a voz de uma filha. Então, eu telefonei à minha Mãe que foi também viajar por paisagens de Trás-os-Montes com o Pai, toda animada. Em seguida, partimos para o almoço com a Mãe do J. Quando chegámos, andava toda divertida, encarrapitada na cerejeira a apanhar cerejas , todas vermelhinhas e apetitosas.

Saturday, May 06, 2006

Sem palavras...


foto sem relação com o texto!!!


As folhas das árvores verdes e tenras agitam-se num ritmo de baile lento e cadenciado. Já fui dar a minha passeata “solita” comme d’habitude naquela marcha a velocidade média, esta tarde debaixo de sol agradável com a música francesa do costume a cantarolar-me aos ouvidos… Regalei-me com o duche e , em seguida, com mais um episódio de CSI…entre os afazeres domésticos e umas viagens pela net e uns arquivos de fotos, assim se vai escoando o tempo…enquanto outras pessoinhas andam por Torres Novas não sei bem a fazer o quê, além de se encontrarem com a titi…

Friday, May 05, 2006

enfim!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Os alunos com mais de quinze ( segundo ciclo) que estejam para reprovar vão fazer exame ... para passarem ( estas duas últimas palavras são da minha autoria)... Ainda alguém me há-de explicar como é que alunos nestas condições que não conseguem passar de ano com todas as ajudas dos Professores e das leis fazendo testes e trabalhos e participação nas aulas ( sim! que a avaliação é contínua...) de matéria bem determinada, conseguirá aproveitamento num exame que engloba a matéria do quinto e do sexto anos das disciplinas todas ... excepto Educação Física e Educação Moral e Religiosa Católicas , vulgo Moral...também não sei porquê... Mais: mesmo que não haja nenhum aluno interessado em se auto-propor, as matrizes e as provas têm que se fazer... dantes, uma prova feita a nível nacional , este ano, uma em cada Escola... Também me custa a perceber como, ainda assim, ainda há quem reprove... Devem ser os mais distraídos...do planeta...
Mudando de assunto, também descobri hoje que as obras que pretendem evitar que os automóveis andem para trás e para a frente na zona de peões ( Praça Velha e arredores) são provisórias até as pessoas perceberem que aquela zona é de peões - as pessoas não sabem ler os sinais , além de já se terem esquecido do tempo da realização das obras, portanto, é preciso colocar-lhes obstáculos... de grades ou de betão que , daqui a algum tempo vão ser definitivamente (!) trocados por outros ... Quem vê isto, pensa que afinal não estamos em crise ... ou confirma que a crise é só para alguns... Num corredor para automóveis ao lado direito da Sé , pespegaram umas manilhas tremendas ( parece que também provisórias!!!) que encheram de areia e onde plantaram umas árvores... Colocaram igualmente no início da Rua direita uns matarruanos duns bancos de pedra horrorosos... e diz quem sabe que aquela linda (!!!) obra foi arquitectada por um arquitecto de renome... o Sr. Arquitecto devia ser obrigado a andar naquela praça num dia ( ia a dizer manhã, só que aqui, no tempo dela, a geada mantém-se durante parte do dia à sombra) de geada... Ia perceber que tal obra não é adequada para estas paragens... também adoro as ondas... não, não estão pintadas... a praça é que está às ondas...de pedra... Mas eu não percebo nada de arquitectura... isto é só falar por falar...

Wednesday, May 03, 2006

Dia da mãe e dos anos num só ... fim de semana...tão lindo!!!

Desataram-se umas trovoadas loucas por quase toda a Ibéria…Como tomei um valente calmante natural no fim de semana passado, que incluiu o 1º de Maio, estas incongruências de um tempo mais quente do que o hábito para a época deixaram-me completamente indiferente: aproveitei até para não andar de guarda-chuva e fiz um enorme sacrifício para fingir que estava muito aborrecida por andar à chuva. Isto sempre para evitar aquela frase que ouvi em tempos idos em que passeava calma e descontraída pelas ruas da cidade sem quase gente na rua e me perguntaram o que andava eu a fazer feita maluca sozinha à chuva… Até ia ficando traumatizada, se calhar, até fiquei porque nunca mais me esqueci, mas nem havia razão nenhuma para tal , porque nem andava feita maluca , pois sabia o que andava a fazer – andava à chuva a passear, se é que ainda não se percebeu - e nem andava bem à chuva, porque trazia um capuz…
Mas eu quero falar é do fim de semana…lindo de sol de calorzinho bom e o mar ali em frente aos olhos era só levantar os olhos e ele ali estava até nos lembrámos daquela exposição de Serralves sobre o mar tanta foto sobre o mar não me lembro é do nome do fotógrafo o que é pena ( não coloquei pontuação – foi de propósito para se perceber que estes pensamentos nos ocorreram assim seguidinhos sem pontuação nem nada cada uma acrescentando a sua lembrança) e a areia ah a areia estava tão boa para se passear até lá longe quase até S. Pedro de Muel também não fomos até lá porque não me deixaram ahahahahahahahahahahahahahah estava mesmo apetitosa na segunda até havia barquinhos barcos de pesca a sério com pescadores a sério a cortar as ondas as águas com uma perícia de experiência feita e havia um barzinho arranjamos sempre um poiso antes de almoço só não brindamos de todas as vezes pois quando se vai conduzir não se bebem bebidas alcoólicas e portanto não há brindes só desejos interiores e também se bebe um suminho de acerola e a bem dizer brindar com acerola uma vez tem piada mais não sei não; podia o martini não concordar com a companhia isto tem que se ler como os livros do Saramago ( ele disse uma vez numa entrevista que aconselhara um amigo que não entendia nada do que ele escrevia que lesse em voz alta: é o que eu proponho neste momento lê em voz alta que pode acontecer que não percebas nada na mesma) e os almoços que são sempre aquela aventura a primeira vez a espera e nunca mais lá voltamos e depois aquela pessoa que nós sabemos já no seu domínio como se vivesse ali de toda a vida e no final o dono do restaurante já a tratá-lo pelo nome “ó sr. G. obrigado e desculpe a demora” – neste momento, estás na CEE o que é uma novidade muito grande !!! – e depois as tardes cada um a fazer o que lhe apetece a repor baterias a andar na praia a dar umas braçadas na piscina a comprar biquinis na loja acabada de abrir a apanhar banhos de sol ai se demoravam mais tempo ficavam feitas lagostitas o que vale é que chamavam ( ainda bem pois chegavam entretanto os iniciados da Maia cheios de energia) para a hidromassagem e o banho turco tudo experiências radicais para alguns e os jantares ficava-se a olhar para aquele buffet e já os olhos comiam as cores e a abundância ah e aquele pôr do sol que não registámos nos appareil photo que mal feito tão lindo tão ele tão pôr do sol…e o almoço para nos despedirmos do mar ali numa mesa enorme viradinhos para a praia a meter as imagens na cabeça para em qualquer momento irmos buscar e juntarmos às de Braga, Lisboa, Cabo Verde, de Portimão, Vagueira, Miramar, S. Martinho do Porto, Salgado e outras tantas tantas tantas tantas sobretudo se estás tu acrescenta as que quiseres porque estou a ficar embriagada não propriamente das sangrias, das bons vinhos, das aguardentes ou dos portos brancos mas de tanto mar…tanto mar…mar…que não me canso de olhar…
Nota importante: estás à vontade para escrever um comentário…
Outra nota importante: não estou louca - o Dia da Mãe ainda não foi ( no calendário), mas para nós já, e volta a ser sempre que nos der na cabeçorra... O dia dos anos é que foi antecipadito o que foi um exagero , mas como é dia de trabalho...foi muito melhor assim...ó não!!!???